Vaca Holandesa: a campeã em produção de leite

Quando pensamos em leite, logo pensamos na figura da “vaquinha malhada” preta e branca, estampada nas caixas de leite de diversas marcas.

Embora a imagem do animal com essa característica tão marcante, possa parecer simbólica, a vaca Holandesa, com a pelagem malhada é um padrão comum da raça. Além disso, a raça se tornou a mais importante no que diz respeito à produção em larga escala do setor leiteiro.

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Nesse artigo, nós do Mercado Rural te convidamos a conhecer mais sobre a raça Holandesa!

Neste artigo você verá:

  • A Origem da raça Holandesa e achegada ao Brasil;
  • Principais características da raça Holandesa;
  • Qual a diferença da raça Holandesa para outras raças leiteiras?
  • Sistemas de Criação e Produção;
  • Práticas essenciais para criação da raça;
  • Maiores produtores de leite da raça Holandesa no Brasil.

Origem da raça Holandesa e a chegada ao Brasil

Não se sabe exatamente qual a origem da raça, porém, acredita-se que ela passou pelo processo de domesticação há mais de 2 mil anos atrás, na Holanda do Norte e na Frísia Oriental, região costeira do noroeste do estado federal alemão.

Todavia, acredita-se também que o gado Holandês é originário da Lombardia, na Itália, segundo Prescott (1930). Porém, ilustrações na Grécia antiga retratam alguns bovinos muito semelhantes ao gado holandês, o que faz acreditar que sua origem seja grega.

Contudo, mesmo que sua origem seja um tanto controvérsia, o nome da raça já sugere qual a sua origem popularmente conhecida: Holanda.

Segundo descrito no livro "O gado Holandês" do professor Paulino Cavalcanti (1935), a raça foi introduzida no Brasil pelos portugueses, entre 1530 a 1535, quando historicamente ocorreu a divisão das capitanias hereditárias. Os primeiros registros encontrados nas bases de dados do arquivo zootécnico nacional ("Herd-book") de raças bovinas Européias, se deu em 1935, com o macho "Colombo St. Maria" de Francisco Lampréia, RJ e "Campineira", de Vicente Giaccaglini, SP.

O Brasil havia sido considerado o país com o maior rebanho mundial do gado holandês de pelagem vermelho branco (VB), em meados de 1980. Embora muito popular no país, nos anos seguintes observou-se um declínio da população de animais da raça, pela ausência de reprodutores que houvessem sua genética validada e pelo impedimento de realizar a cobertura de fêmeas holandesas vermelhas brancas (VB) com machos holandeses de pelagem preta e branca (PB).

No entanto, alguns anos depois foi possível mudar esse cenário, com a autorização do cruzamento de reprodutores PB e vacas VB, porém, desde que o macho apresentasse o gene recessivo pala pelagem VB.

Principais características da raça Holandesa

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A principal característica da raça é a sua pelagem que pode ser preta e branca ou vermelha e branca. Outra particularidade importante é o seu tamanho e peso. Trata-se de um animal grande, onde as vacas pesam na idade adulta em média 680kg e os touros em média, 950 kg, segundo a associação brasileira de criadores de bovinos da raça Holandesa (ABCBRH). Já os bezerros, nascem em média com 38kg.

O temperamento da raça é um ponto positivo para a facilidade do manejo, pois apresentam características de docilidade. Dificilmente o produtor terá problemas com relação a brigas entre os animais, o que levaria a contusões nos mesmos, elevando custos na produção e consequentemente prejuízos econômicos.

Outros benefícios são ordenhar o animal sem estresse e conseguir realizar um manejo reprodutivo tranquilo, levando-se em conta o temperamento.

Qual a diferença da raça Holandesa para outras raças leiteiras?

A raça holandesa é considerada uma raça cosmopolita, ou seja, sua criação está presente em diferentes países produtores de leite e isso não acontece por acaso.

É comprovado que o gado Holandês é o maior produtor leiteiro do setor, comparado a outras raças.

Pode produzir mais de 50 litros de leite por dia e a partir do melhoramento genético é possível alcançar os melhores índices zootécnicos desses animais, tornando-os altamente especializados.

Embora alguns fatores como a dificuldade para se adaptar ao clima quente do Brasil, possa ser um ponto negativo, tendo em vista que a raça veio de regiões onde o clima é ameno, pode-se observar uma queda do seu rendimento em regiões que apresentam temperaturas acima de 24 graus, contudo, ela conseguiu se adaptar muito bem na região sul do país.

Algumas estratégias como os cruzamentos feitos utilizando a raça pura (holandesa) com gados de raças de origem indiana (zebuínos) tornou-se uma alternativa viável encontrada pelos criadores, com isso, foi possível adquirir uma raça mestiça rústica, característica necessária para adaptação ao clima e a ecto e endoparasitas.

Na imagem abaixo, temos o gado Girolando, cruzamento entre a raça Holandesa com a Gir.

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Sistemas de Criação e Produção

Quando o assunto é sistemas de criação e produção de gado leiteiro, logo questiona-se: Qual o melhor sistema?

Existem diferentes sistemas e cada um deles apresenta vantagens e desvantagens, a melhor escolha vai depender dos objetivos e necessidades do produtor.

  • Clima;
  • Topografia/região;
  • Raça/genética;
  • Manejo nutricional;
  • Recursos econômicos;
  • Desempenho do animal X média de produção de leite;
  • Instalações X tamanho da fazenda
  • Sanidade;
  • Tipo de ordenha.

São algumas demandas que precisam ser levadas em consideração na hora de defini-lo.

Sistema extensivo

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Os animais são criados à pasto e a base nutricional deles é a pastagem. O gado escolhido para esse sistema normalmente não possui um padrão de raça definido. As instalações são simples, com a presença de um curral para ordenha das vacas.

  • Vantagens: custo e investimento baixo.

  • Desvantagem: necessita grande extensão de pasto na fazenda. Geralmente, neste modelo a produção pode ser abaixo de 2.800kg/lactação.

Sistema semi-intensivo

Neste sistema os bovinos recebem criação à pasto mas podem receber suplementação volumosa o ano todo e principalmente em épocas que não há volume de chuva suficiente que impede o crescimento da forragem. A suplementação é fornecida em estábulo e no cocho. É um sistema mais moderno e aliado à tecnologia, oferece práticas de aleitamento artificial e inseminação artificial.

  • Vantagens: instalações simples, mas disponibiliza de recursos tecnológicos que auxilia e melhora a produção e qualidade do leite.
  • Desvantagens: investimento maior no que diz respeito à resfriamento do leite e sala de ordenha.

Sistema intensivo - confinamento

Os animais são criados confinados em uma área reduzida durante todo o período de produção, separados por lotes. O manejo nutricional consiste numa dieta balanceada ao período produtivo em questão, são alimentados com feno e silagem no cocho. Animais de alto desempenho genético para produção leiteira, que normalmente propiciam uma média acima de 4.200kg de leite por lactação. Segundo dados obtidos da Embrapa, no modelo de criação que atinge essa média de produção, devem ser utilizadas raças européias especializadas, sendo a Holandesa a mais difundida.

  • Vantagens: Possibilita melhores índices reprodutivos, os animais quase não apresentam problemas de casco nesse sistema, qualidade do leite superior, maior conforto aos animais.

  • Desvantagens: Custo muito elevado, aconselhável somente para gado com alto padrão genético, especializado em produção de leite.

Tipos de instalações

Nos dias atuais, existem diversos tipos de instalações de confinamento para o gado leiteiro e vamos abordar as características de cada uma.

Loose Housing

Considerado um "sistema de baias livres" no qual as vacas ficam confinadas sobre locais de terra batida ou concretado, em estábulo coberto, dividindo o espaço com outras vacas. Esse sistema possibilita uma maior movimentação do animal, onde também existe área de repouso em cama de palha, areia entre outros, protegendo-as de chuvas e ventos, conferindo maior conforto ao animal. Existem áreas distintas para alimentação, ordenha, exercícios, assim como área de isolamento para maternidade e tratamento.

Free-stall

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Este modelo de criação é representado por baias individuais, geralmente do tamanho onde a vaca consiga se sentir confortável, ainda possui um corredor de limpeza onde dejetos são lançados de forma que o animal não deite encima das próprias fezes ou urina. A cama é forrada com areia ou borracha. Também é considero um sistema de "baias livres". Apresenta uma área separada, que se destina a alimentação, ordenha e exercícios dos animais. O custo para instalação desse sistema é maior.

Compost Barn

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Considerado o que mais oferece conforto e bem estar aos animais. As vacas são colocadas em galpões amplos, onde tem liberdade para circular e espaço suficiente para repousar. Esse sistema oferece condições sanitárias ótimas para o animal e maior conforto térmico. A atenção principal é com relação ao manejo de cama, que precisa ser feito de forma que sempre esteja seca e o material macio para um conforto maior. O custo é considero menor com relação aos demais, porém, deve ser levado em consideração os gastos com o material utilizado na cama assim como seu manejo.

Tie Stall

A principal característica é que ele deve ser implementado na propriedade que possui pequenos rebanhos, com até 60 vacas de alta produção.

A diferença para os outros sistemas, é que as vacas são colocadas em baias individuais e apenas são soltas para ordenha. O grande problema é que isso confere maior estresse ao animal, sendo assim, está entrando em desuso pela preocupação constante com relação ao bem-estar, e o custo de implementação é considerado muito elevado.

Práticas essenciais para criação da raça

Por tratar-se de uma raça altamente especializada na produção de leite, algumas práticas precisam ser levadas em consideração para que seja possível expressar ao máximo a aptidão da mesma, o que está intimamente relacionado a um retorno econômico satisfatório ao produtor.

  • Alimentação de qualidade;
  • Bem-estar;
  • Reprodução;
  • Manejo sanitário;
  • Manejo da ordenha.

Todas as práticas acima em conjunto, realizadas por profissionais capacitados, são fundamentais para um bom desempenho da raça Holandesa, contudo, destaca-se o manejo nutricional.

É de grande importância que o produtor invista em suplementação alimentar, nas diferentes fases do ciclo reprodutivo e de vida, assim como implemente aditivos nutricionais na dieta para fortalecer o sistema imune, dessa forma, as vacas ficam menos suscetíveis a doenças o que diminui consideravelmente os gastos com medicações, assim como também é de grande importância o fornecimento de água de qualidade e em abundância.

Outro fator essencial na criação é fornecer aos animais bem-estar, pois entende-se que quando submetidos a estresse, não se tornam bons produtores de leite e oferecer conforto e harmonia deve ser prioridade dentro do sistema de criação.

Maiores produtores no Brasil

Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, que seleciona, a partir de critérios preestabelecidos, os criadores supremos da raça no país, ou seja, a ABCBRH elabora um ranking dos produtores com os melhores índices de desempenho produtivo, reprodutivo e fenotípico dos últimos 10 anos no Brasil. São eles os maiores criadores do ranking:

  • Carlos Alberto Huben;
  • Dirceu Antonio Osmarini;
  • José Hilton Prata Ribeiro;
  • José Nelson Stockler;
  • Marcos Vinicius Nápoli;
  • Pedro Elgersma;
  • Ronald Rabbers e/ou Henrieta A. V. P. Rabbers;
  • Tilberto Henrique Husch.

Referências:

Embrapa

Associação Brasileira de Criadores da Raça Bovina Holandesa

Wikipédia

ROUSE, J.E. World Cattle. University of Oklahoma Press, 1971. v.1. 485p.

PORTER, V. Cattle: A Handbook to the Breeds of the World. London: Cristopher Helm. 1991. 400p.

FRIEND, J.B. Cattle of the World. Pool: Blandford Press. 1978.198p.

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Luisa Duarte Rabello

Médica Veterinária formada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. CRMV/RJ 17985.

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