Tipos e sistemas de irrigação

História da irrigação

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Historicamente as grandes civilizações se instalaram e desenvolveram às margens de grandes rios, garantindo água para a sua subsistência, para os animais e para irrigar as suas plantações, o que permitiu que desfrutassem de fontes mais seguras de alimentos

A história da irrigação se confunde, na maioria das vezes, com a história da agricultura e da prosperidade econômica de inúmeros povos. Muitas das antigas civilizações se originaram em regiões áridas, onde a produção só era possível com o concurso da irrigação. Há evidências que a prática da irrigação já era utilizada no Egito em meados de 6.000 a.C. as margens do rio Nilo; na Mesopotâmia, nas margens dos rios Tigre e Eufrates por volta de 4.000 a.C.; na China em 3.000 a.C.; na Índia por volta de 2.500 a.C

Na América do Sul e no México as civilizações Incas e Maias já desenvolviam a irrigação há mais de 2.000 anos. Nos Estados Unidos a irrigação já era praticada pelos nativos da região sudoeste, por volta de 100 a.C

Um fato de extrema importância para o mundo da irrigação foi a invenção do primeiro aspersor de impacto. Na época, a invenção foi comparada à lâmpada de Thomas Edison e ao telefone de Alexandre Gram Bell. Orton Englehart foi um produtor de citrus residente no sul da Califórnia que inventou o primeiro aspersor de impacto em 1933 e revolucionou a história da produção de alimentos e iniciou uma nova era na irrigação mundial

Paralelamente ao desenvolvimento dos sistemas e equipamentos de irrigação de Agricultura, tivemos também o nascimento e a evolução da Irrigação para atender áreas paisagísticas

Em 1926, foi desenvolvido o primeiro aspersor que girava por meio de engrenagens para ser utilizado em irrigação de jardins

No final dos anos 50, finalmente, houve a invenção dos dois produtos mais revolucionários e mais populares para a irrigação de áreas paisagísticas. A invenção dos aspersores plásticos escamoteáveis sprays e rotores

O Brasil, dotado de grandes áreas agricultáveis localizadas em regiões úmidas, não baseou, no passado, a sua agricultura na irrigação, embora haja registro de que, em 1589, os Jesuítas já praticavam a irrigação na antiga Fazenda Santa Cruz, no estado do Rio de Janeiro. Em 1906, em esforço de desenvolvimento do país, foi criado o Instituto Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), substituído pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) em 1949. Para o vale do São Francisco, foi criada, em 1948, a Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), que foi substituída pela SUVALE em 1967, e esta, pela Codevasf, em 1974. Segundo Geraldo Rocha, em sua obra "O Rio S. Francisco", a irrigação no Vale foi iniciada ainda no primeiro quartel do século XIX, às margens do rio Grande, no Oeste da Bahia. Ao final da década de 60, foi estruturado pelo Governo Federal o Programa Plurianual de Irrigação (PPI), visando à implementação de estudos, projetos e obras de irrigação e drenagem, particularmente na região semiárida do país, para o aproveitamento dos pequenos e grandes açudes já existentes e de cursos d'água perenes e água subterrânea

O primeiro texto legal sobre a irrigação no Brasil data de 25 de junho de 1979, com a edição da Lei nº 6.662 - a Lei de Irrigação. Sua regulamentação ocorreu em 29 de março de 1984, mediante o Decreto nº 89.496

ACompanhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), desde a década de 1970, vem trabalhando no sentido de captar recursos externos complementares aos do Tesouro Nacional para implementar suas diversas ações no vale. Tais esforços desenvolvem-se mediante acordos de empréstimos com organismos internacionais, notadamente com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, o Japan Bank International Cooperation - JBIC (antigo Fundo Ultramarino de Cooperação Econômica - OECF) do governo japonês, a AGROBER e a AGROINVEST, empresas estatais da Hungria

As vantagens da agricultura irrigada sobre a praticada tradicionalmente em sequeiro são inúmeras. No Brasil, a difusão da irrigação se processou, inicialmente, em maior escala nas culturas de arroz no Rio Grande do Sul e em alguns vales da região central do país. A evolução da prática da agricultura irrigada, em termos de área implantada no país, na região Nordeste, no vale do São Francisco, está diretamente relacionada aos projetos públicos da Codevasf

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Fonte

A irrigação pode ser conceituada como: técnica que visa a aplicação artificial de água no solo, em quantidade e no momento adequado, por meio de diferentes métodos, sistemas e tecnologias, os quais dependem da cultura em que é utilizada, com a intenção de garantir e assegurar a produção de grãos, fibras e proteína em locais com falta e má distribuição de chuvas. Objetivando satisfazer as necessidades hídricas das culturas de forma eficiente, uniforme e racional preservando este bem fundamental para a vida

Ela é uma técnica multidisciplinar, necessitando uma série de conhecimentos inerentes a outras áreas, como: física do solo, agrometeorologia, fitotecnia, fisiologia vegetal, hidráulica, topografia, entre outras. Para que no final o sistema solo-água-planta-atmosfera esteja em equilíbrio resultando no máximo rendimento produtivoirrigação

Através de fomentos governamentais nos anos de 1970 e 1980 a irrigação no Brasil começou a ser expandida e a ocupar maiores áreas

Atualmente, segundo o Atlas Irrigação da Agência Nacional de Águas (ANA), os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia são os estados que possuem as maiores áreas irrigadas, contribuindo para que a área irrigada no Brasil atingisse 8,2 milhões de hectares

Hoje, a tecnologia de irrigação nos oferece acesso por celular e a conexão com estações meteorológicas virtuais que, de acordo com variações climáticas, ajustam o tempo de funcionamento do sistema para aplicar a quantidade correta de água

Métodos e sistemas de irrigaçãoirrigação

O método de irrigação é a forma pela qual a água será aplicada às culturas. Segundo o documento “Seleção do Sistema de Irrigação”, da Embrapa, são basicamente quatro: superfície, aspersão, localizada e subirrigação

Qual a diferença de Método e Sistema?

Método:

  • Procedimento, técnica ou meio de fazer alguma coisa, ou seja, é a maneira de agir ou fazer as coisas; modo de proceder

Sistema:

  • Disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si e que funcionam como uma estrutura organizada

Para cada método, há dois ou mais sistemas de irrigação que podem ser utilizados pelo produtor. Os diversos tipos de sistemas de irrigação atendem à grande variação de solos, climas, culturas, disponibilidade de energia e condições socioeconômicas. No entanto, não existe um tipo ou sistema ideal de irrigação

O produtor deve conhecer as vantagens e desvantagens de cada tipo de sistema de irrigação e suas peculiaridades. A partir dessas informações, ele vai decidir o sistema que melhor atende à sua necessidade

Qualquer sistema de irrigação deve ser utilizado conforme suas limitações e a relação água-solo-planta ideal para a região onde será utilizado

Veja abaixo quais são os métodos e sistemas de irrigação:

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Os métodos e sistemas de irrigação podem ser definidos pelo maior ou menor grau de complexidade e nível tecnológico. Estas variações estão relacionadas com a grande variabilidade de solos, clima, topografia, disponibilidade de água de boa qualidade, tipos de culturas, disponibilidade de energia e renda. Portanto, é fundamental um planejamento prévio e estudo de todas as variáveis citadas acima, para a escolha do método ideal e seu sistema de irrigação, buscando a máxima eficiência no uso de água, energia e rendimento produtivo. Lembrando que cada método e sistema de irrigação apresenta suas vantagens e desvantagens

Tipos métodos de irrigação e suas vantagens e desvantagensirrigação

1. Irrigação por superfícieirrigação

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Na irrigação por superfície, a distribuição da água acontece pela gravidade na superfície do solo. Ou seja, a água é lançada diretamente no solo. É o método com a maior área irrigada no mundo e no Brasil

Essa técnica depende das condições topográficas, ou seja, o tipo de terreno, que, conforme o caso, terá de ser nivelado a um nível que permita uma lâmina de água ou apenas umidade uniforme de acordo com a exigência da cultura. Além disso, não é recomendada para solos excessivamente permeáveis, uma vez que requer medidas efetivas de controle da erosão. Também possui baixa eficiência de distribuição de água se mal planejado

Por ser relativamente simples, é um método que tem pouco apelo comercial

No entanto, possui algumas vantagens, tais como:

  • Menor custo fixo e operacional em relação aos outros métodos;
  • Requer equipamentos simples que são fáceis de operar;
  • Sofre pouco efeito de ventos;
  • É adaptável à grande diversidade de solos e culturas;
  • Promove redução do consumo de energia;
  • Não interfere nos tratamentos fitossanitários;
  • Permite a utilização de águas com sólidos em suspensão ( são partículas que permanecem suspensas na água indicando a qualidade da água)

A irrigação por superfície possui dois sistemas: em nível e em declive

1.1 Sistema em nívelirrigação

No sistema em nível, a área a ser irrigada deve ser plana ou quase plana (menos de 0,1% de declive). O sistema em nível possui três tipos:

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1.2 Sistema em decliveirrigação

São sistemas com inclinação na superfície em uma das direções, variando de 0,1% até no máximo, 15%. São cinco os sistemas em declive:

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A

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B

Sistema de irrigação por inundação (A) e sistema por sulcos (B)

A seguir, serão apresentadas as principais vantagens e desvantagens do método por superfície:

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2. Irrigação por aspersãoirrigação

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Fonte

É o método que “imita” a chuva. Nele, jatos de água aplicados no ar caem sobre a cultura na forma de gotas

Um aspersor expele água para o ar. Por meio da resistência aerodinâmica, essa água se transforma em pequenas gotículas que caem sobre o solo e plantas. Esse tipo de irrigação é recomendado para solos com alta permeabilidade e de baixa disponibilidade de água

Como esses solos precisam de irrigações frequentes, com menor quantidade de água por aplicação, a irrigação por aspersão é a mais adequada

As culturas mais irrigadas por esse sistema são as pastagens e grãos em geral; como a soja, o milho, o feijãoirrigação

Entre as vantagens do sistema de irrigação por aspersão estão:

  • A fácil adaptação aos diversos tipos de solo, culturas e topografia;
  • Ser mais eficiente do que o método da irrigação por superfície;
  • Possibilidade de ser automatizado;
  • As tubulações podem ser desmontadas e removidas da área, o que facilita o preparo do solo

Os sistemas de irrigação por aspersão apresentam grande adaptabilidade a diferentes texturas de solo, topografia e formas geométricas da área, além de maior eficiência no uso da água e possibilidade de um manejo adaptado à necessidade da cultura. As áreas irrigadas com métodos de irrigação por aspersão vêm aumentando continuamente em todo o mundo

A seguir, serão apresentadas as principais vantagens e desvantagens do método de irrigação por aspersão:

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2.1 Sistema por aspersão convencionalirrigação

Podem ser fixos, semifixos ou portáteis. Nos sistemas fixos, as tubulações são enterradas. Nos sistemas semifixos, as linhas principais são fixas e as linhas laterais são movidas ao longo das linhas principais

No Brasil, utiliza-se sistemas semifixo nos quais a linha principal e as laterais são enterradas e somente os aspersores se movem

Nos sistemas portáteis, tanto as linhas principais quanto as laterais são móveis

Os sistemas semifixos e portáteis são recomendados para áreas pequenas

É possível utilizar minicanhões em vez de aspersores. A troca possibilita a irrigação de áreas maiores, sobretudo em culturas que protegem mais o solo e as que permitem a desuniformidade da irrigação

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Sistema por aspersão convencional

2.2 Sistema autopropelidoirrigação

No sistema autopropelido, um minicanhão montado em um carrinho se desloca ao longo da área que será irrigada

O carrinho é conectado a hidrantes por meio de uma mangueira. A propulsão do carrinho é feita pela água

É um sistema que consome bastante energia e produz gotas grandes que prejudicam algumas culturas. Usado na irrigação da cana-de-açúcar e pastagem, por exemplo

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Sistema autopropelido

2.3 Sistema pivô centralirrigação

É um sistema que vem sendo muito utilizado em grandes lavouras pois cobre áreas extensas. Pivôs centrais podem ser usados para irrigar áreas de até 117 hectares

O pivô central funciona como se fosse uma grande dobradiça de três partes - como se fossem braços - conectadas entre si por juntas flexíveis

Cada parte é sustentada por torres em formato de “A”, que têm rodas na base. Essas torres se movem independentemente uma das outras

A velocidade de deslocamento do pivô é feita pela velocidade da última torre, que também determina a lâmina a ser aplicada. O gasto médio é de 300 mil litros de água por hora

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Pivô central

As vantagens do pivô central são:

  • Dispensar o preparo do terreno;
  • Eficiência de aplicação é alta;
  • Facilidade na aplicação de fertilizantes e defensivos;
  • Melhor controle da lâmina de irrigação;
  • Pode ser totalmente automatizado;
  • Baixo custo de mão de obra

No Brasil há cerca de 20 mil pivôs centrais que irrigam uma área de 1,275 milhão de hectares. Segundo levantamento da Embrapa e da Agência Nacional de Águas (ANA), entre 2006 e 2014 o uso de pivôs centrais no Brasil cresceu 43%

Maior parte desse uso, ou 80% da área irrigada por pivôs centrais, concentra-se em quatro estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo

3. Irrigação localizadairrigação

No método da irrigação localizada, a água é aplicada com emissores em partes da área ocupada pelas raízes das plantas, formando uma faixa úmida

Os emissores são: pontuais (gotejadores), lineares (tubo poroso ou “tripa”) ou superficiais (microaspersores)

A distribuição da água acontece através do solo. As características físicas e estrutura do solo vão definir quantos e quais emissores serão necessários para a aplicação uniforme de cada planta

A irrigação localizada é ideal para solos densos, que têm baixa capacidade de infiltração. A água pode ser aplicada em fluxo baixo para que o solo a absorva, reduzindo ou eliminando o escorrimento superficial

Fertilizantes e alguns defensivos podem ser aplicados por meio da água de irrigação, podendo aumentar a produtividade das culturas

O custo inicial é caro, por isso recomenda-se seu uso em culturas de alto valor econômico. Por ter elevado grau de automação, dispensa muita mão-de-obra na operação. Os principais sistemas de irrigação localizada são: gotejamento, microaspersão e subsuperficiais

3.1 Sistema de gotejamentoirrigação

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Sistema por gotejamento

Nesse sistema, a água é aplicada na superfície do solo. Isso faz com que folhagem e tronco das plantas não fiquem molhadas

Os gotejadores podem ser instalados sobre a linha, na linha, numa extensão da linha, formando o que é conhecido como “tripa”

Vários gotejadores podem ser instalados próximos uns dos outros, junto à planta. Isso possibilita suprir a planta com a quantidade de água correta, e umedecer a área mínima da superfície do solo

Algumas vantagens do sistema de gotejamento são:

  • Baixo custo de mão-de-obra por ter sistema automatizado;
  • Baixo custo de energia, pois utiliza bombas de baixa vazão que consomem até 50% menos energia que os outros sistemas;
  • Poucas perdas por evaporação pois a água é aplicada diretamente na raiz;
  • Facilidade e eficiência na aplicação de fertilizantes e defensivos;
  • Boa adaptação aos diferentes tipos de solo;
  • Manutenção do solo uniformemente úmido e com oxigênio;
  • Menor incidência de doenças fúngicas pois as folhas não são molhadas;
  • Declividade do terreno não limita a irrigação

3.2 Sistema de microaspersãoirrigação

A irrigação por microaspersão é a mais indicada para hortaliças, estufas, jardins e pequenas hortas. Possui estruturas que se adequam ao tipo de plantio. Podem ser desmontadas facilmente, sendo útil em mudanças frequentes

O sistema utiliza emissores que lançam gotículas de água com uma precipitação mais suave e uniforme que a aspersão tradicional

Também é considerada irrigação localizada, mas a vazão dos emissores é maior que a vazão em irrigações por gotejamento

Esse sistema consiste em aplicar a água por meio de emissores rotativos ou fixos. Eles permitem que uma área grande seja umedecida. Isso se torna uma vantagem para culturas de espaçamentos mais largos, plantadas em solos arenosos

A manutenção desse sistema é mais simples que nos sistemas de gotejamento e subsuperficiais. Também pode ser influenciado pelo vento e pelo efeito da evaporação direta da água do jato, especialmente em áreas muito secas. Em ambientes úmidos, pode colaborar para o desenvolvimento de doenças nas plantas

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Sistema de microaspersão

3.3 Subirrigaçãoirrigação

No método de subirrigação ou superficial, a água é aplicada abaixo da superfície do solo, diretamente nas raízes das plantas. Desta forma, o lençol freático fica a uma profundidade capaz de permitir um fluxo de água adequado à raiz da cultura. Pode estar associado a um sistema de drenagem

As principais vantagens decorrentes da adoção da subirrigação são as seguintes:

  • Pode ser empregada em solos com elevada taxa de infiltração ou reduzida capacidade de retenção de água;
  • A exigência de mão de obra é inexpressiva;
  • Não interfere com práticas culturais e fitossanitárias;
  • Requer menor quantidade de água e energia que outros métodos de irrigação

Como desvantagens do sistema, destacam-se as seguintes:

  • Requerimento de topografia e da presença de lençol freático a uma pequena profundidade do solo;
  • Inadequação para algumas culturas;
  • Requerimento de solos e água sem riscos de salinização

Na subirrigação, a umidade atinge as raízes das plantas por meio da ascensão capilar. Em várzeas, o lençol freático deve ser mantido a uma profundidade tal que permita obter a melhor combinação entre água e ar na zona radicular. O manejo da água de irrigação e/ou a drenagem reveste-se de fundamental importância, uma vez que a planta do feijoeiro é extremamente sensível aos excessos de água e, da mesma forma, à toxidez de alguns elementos químicos comuns nesses solos

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Subirrigação

Precisamos irrigar?

A baixa disponibilidade de água ou a irregularidade de chuvas são os principais fatores que levam o produtor a adotar técnicas de irrigação

Arroz, feijão, cana-de-açúcar, legumes, frutas e verduras são alimentos presentes na mesa do brasileiro que foram produzidos em sistemas irrigados A tecnologia de irrigação ajuda a viabilizar o potencial de outros insumos utilizados na agricultura, tais como fertilizantes, sementes melhoradas, defensivos entre outros

Benefícios da irrigaçãoirrigação

Quando bem planejada e executada, a irrigação:

  • Aumenta a produção agrícola (de 2 a 3 vezes superior à produção da agricultura de sequeiro, que depende da chuva);
  • Aumenta a oferta e regularidade de disponibilização de alimentos e outros produtos agrícolas;
  • Melhora a qualidade e padronização dos produtos agrícolas;
  • Possibilita a exploração agrícola em áreas localizadas de regiões de clima árido ou semiárido;
  • Permite abertura de novos mercados, inclusive no exterior;
  • Diminui custos de produção e viabiliza maior rentabilidade;
  • Aumenta oferta de empregos;
  • Moderniza sistemas de produção estimulando introdução de novas tecnologias;
  • Proporciona o aumento da diversidade de culturas

A agricultura irrigada tem papel fundamental no aumento da oferta de alimentos e na garantia da segurança alimentar e nutricional da população mundial

Áreas irrigadas correspondem a menos de 20% da área total cultivada do planeta, mas produzem mais de 40% dos alimentos, fibras e culturas bioenergéticas, de acordo com a Organização das Nações Unidas Para Alimentação e Agricultura (FAO)

Ainda de acordo com a FAO (2017), o Brasil está entre os dez países com a maior área equipada para irrigação do mundo. Os líderes mundiais são a China e a Índia, com cerca de 70 milhões de hectares cada

O que saber para implantar um sistema de irrigaçãoirrigação

Ter um sistema de irrigação em uma propriedade depende de uma concessão pública. No Brasil, a Agência Nacional de Águas (ANA) é o órgão emissor de tal concessão

Para ter a autorização para implantar o sistema de irrigação é necessário cumprir os requisitos da agência. Esses requisitos dizem respeito principalmente à disponibilidade hídrica local e buscam garantir a qualidade e o controle na utilização das águas

Uma vez feito isso, é possível requerer linhas de crédito para montar um sistema de irrigação

Não basta ter uma fonte de água

A água disponível para irrigação também tem que ser de boa qualidade. Para saber se essa água é adequada, análises são feitas para determinar teores de sais, materiais em suspensão e a presença de agentes patogênicos. Esses fatores podem afetar a escolha do sistema de irrigação e da cultura a ser implantada

A qualidade da água a ser usada na irrigação é feita por meio de análises em laboratórios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Universidades Federais e de outras instituições credenciadas

O tipo de solo, o relevo, a disponibilidade de água, o clima, a cultura e o manejo de irrigação são outros pontos que devem ser levados em conta na hora da escolha do melhor sistema de irrigação

É importante consultar um engenheiro agrônomo antes da escolha e eventual instalação do sistema de irrigação

Irrigação de precisão: O que é?

A irrigação de precisão é a prática de fornecer água às culturas de forma eficiente. Isso acontece através de sistemas automatizados que levantam dados ao longo da lavoura, considerando a variabilidade da área

As plantas recebem água na quantidade, momento e local da lavoura mais adequado

Custos consideráveis são reduzidos com a prática, quando comparado a sistemas manuais de acionamento das águas, que não consideram a variabilidade da área

Atualmente, mais de 8,2 milhões de hectares estão equipados para irrigação, (em 2017 eram 7 milhões). Esse número equivale a 8,2 milhões de estádios de futebol

Dessa quantidade, 35% é irrigada com águas de reuso e 65% com água de mananciais

Isso exige dos sistemas produtivos o uso de tecnologias que permitam maior eficiência e racionalidade no uso da água

A eficiência e racionalidade podem ser obtidas pela irrigação de precisão, utilizando ferramentas da agricultura 4.0

Inteligência artificial com sistemas automatizados e sensores são exemplos, porque acionam a irrigação em função das condições ambientais e necessidades da cultura

Como a irrigação de precisão funcionairrigação

A irrigação de precisão funciona através de sensores instalados ao solo, plantas, equipamentos e máquinas, que coletam as informações

A internet das coisas ajuda na conexão dos dados coletados pelos sensores.

A inteligência artificial, presente nos equipamentos e controladores, analisa rapidamente o grande volume de dados gerados a partir de algoritmos. Ela toma decisões com rapidez e precisão

Nos diferentes pontos da lavoura, estão localizados sensores em profundidade, que cruzam os dados das condições da lavoura com os dados obtidos pelas previsões meteorológicas. Assim, acionam a irrigação em pontos específicos da lavoura

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Fluxograma de algoritmo de um sistema de controle de irrigação

O que os sensores utilizados no campo incluemirrigação

  • Estações meteorológicas: para avaliação da radiação solar, evapotranspiração da cultura, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, temperatura, precipitação e pressão atmosférica;
  • Telemetria: comanda, rastreia e mede as informações à distância, através de dispositivos de comunicação sem fio. Incluem os rádios, celulares, notebooks e satélites.
  • Sensores de umidade do solo: medem o conteúdo volumétrico de água indiretamente. Além disso, medem textura, densidade do solo e das partículas, porosidade total, aeração, condutividade hidráulica e retenção de água no solo. São importantes, pois a umidade é um fator de decisão no acionamento da irrigação.
  • Sistema de informação geográfica (SIG): importante para saber as coordenadas ou local exato de acionamento do dispositivo;
  • Sensores multiespectrais, hiperespectrais e térmicos: podem ser empregados a partir do monitoramento adicional das áreas com veículos aéreos não tripulados (VANTs). Eles identificam quais locais do cultivo sofrem maior estresse hídrico (fornecem dados para cálculo de índices de vegetação, como o NDVI)

Em sistemas tradicionais, a água é acionada em quantidades uniformes ao longo da lavoura

Na irrigação de precisão, a água é disponibilizada em pontos estratégicos, economizando energia elétrica e a própria água

Vantagens da irrigação de precisão inteligenteirrigação

  • Fornecimento inteligente de água em local, quantidade e momento adequados;
  • Economia elétrica, como redução no custo de bombeamento;
  • Redução no uso da água de irrigação;
  • Aumento da produtividade pelo fornecimento de água em estádios críticos da cultura;irrigação

Desvantagens da irrigação de precisãoirrigação

  • Custo alto com instalação. São necessárias grandes extensões de tubulação para implantação em toda área de cultivo;
  • É necessário acompanhamento técnico e monitoramento do sistema para correção de eventuais problemas;
  • A depender do sistema, há ainda possibilidades de entupimento. Por isso, é preciso fazer acompanhamento diário.
  • Em todos os sistemas discorridos acima, pode-se utilizar a irrigação de precisão

Referênciasirrigação

Codevasf

Netafim

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

Embrapa

Agência Nacional de Água e Saneamento Básico

Imagens

CPT - autopropelido

Automação de sistema de irrigação em malha fechada utilizando rede sem fio de sensores capacitivos de umidade do solo - Henrique Souza Vasconcelosirrigação

Rádio Progresso de Ijuí

Author Photo

Henrique Servolo

Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia e Doutor em Engenharia florestal, todos pela Esalq/USP.

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