Tipos de maracujá: conheça mais sobre a cultura do Maracujá no Brasil
Os tipos de maracujá mais comuns no Brasil são:
- Maracujá-Amarelo
- Maracujá-Azul ou Roxo
- Maracujá-Doce
- Maracujá-da-Caatinga
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Neste artigo você vai conhecer os tipos de maracujá mais comuns no Brasil. Além disso, vai aprender sobre o cultivo e quais são as pragas e doenças mais comuns e como evitá-las.
Introdução
Existem cerca de 530 espécies de maracujá no mundo, sendo elas de origem tropical e subtropical, destas mais de 150 são nativas do Brasil.
Atualmente, o Brasil é o maior produtor e maior consumidor mundial de maracujá, onde sua produção está expandida em diversas localidades do país, a maior produção concentra-se na região Nordeste. Tendo, portanto, uma grande importância econômica em escala nacional e internacional.
A comercialização do maracujazeiro pode ser na forma de fruta fresca ou comercialização das folhas. A fruta pode ser consumida in natura, algumas espécies de maracujá têm potencial de mercado das folhas, com destino a indústria medicinal ou farmacêutica.
Apesar do Brasil ter o primeiro lugar no consumo e na produção, existem diversas espécies pouco conhecidas ou ainda não estudadas. O conhecimento da diversidade de plantas é de muita relevância para quem queira produzir, diversificar ou otimizar a produção, pois cada uma das espécies tem uma particularidade e uma necessidade de suprimentos das quais devem ser analisadas pelo produtor.
Tipos de maracujá
1. Maracujá-Amarelo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa)
O Maracujá-Amarelo é classificado como planta perene que se desenvolve com crescimento contínuo, podendo atingir até 10 metros de altura.
Os frutos são caracterizados como pequenos e arredondados, com largura e comprimento bem estreitos, ambos com até 4 cm. Quando os frutos estão maduros, apresentam uma coloração amarelada na casca, e espessura fina (0,3 cm a 0,6 cm).
A massa do Maracujá-Amarelo acaba variando entre 15g e 30g, o tamanho dos frutos desta espécie, bem como o total de solúveis contidos na polpa que também é menor, podendo chegar a 17 Brix (Sólidos solúveis) em seu estádio máximo de maturação.
Condições ideais de cultivo
De forma geral, as espécies comerciais de maracujazeiros se desenvolvem em diferentes condições climáticas, podendo ser nas regiões quentes dos trópicos (latitude 0°) até os climas subtropicais (l atitude sul 35°).
O maracujá-Amarelo desenvolve-se melhor em condições de clima mais quente, com temperatura do ar mais altas (entre 21 e 32°C) e baixa umidade relativa do ar, vento moderado, condição hídrica: com precipitação pluviométrica entre 800 e 1.750 mm, a quantidade de brilho solar diariamente é de 11 a 12 horas.
O cultivo dessa espécie no Brasil é em regiões bem diversificadas em altitudes que variam entre 100 e 1000 metros. A exposição dessa espécie a condições climáticas com temperaturas baixas, pode acarretar a queda da produtividade, pois afeta desde o crescimento da planta até floração, e por consequência quantidade e qualidade dos frutos e do suco.
Por ser uma cultura bem adaptada a climas tropicais, os solos mais indicados para cultivo são os arenosos e os semi argilosos (bem drenados), para que não haja possibilidade de doenças no sistema radicular. As condições de correção química do solo devem ser feitas conforme análises, e posteriormente gradagem e distribuição de calcário na área.
Principais usos no mercado brasileiro.
O Maracujá-Amarelo, possui um sabor de bom agrado, a sua principal forma de consumo é in natura por não haver necessidade de processamento dos sólidos.
2. Maracujá-Azul ou Roxo (Passiflora edulis Sims)
O maracujazeiro do tipo Azul ou Roxo, ou conhecido como maracujazinho-roxo, nativo de várias regiões do Brasil, tem sido alvo de diversos estudos e submetidos a melhoramentos genéticos, a fim de alcançar maior diversidade de produção no Brasil e maior resistência a pragas, doenças e características do fruto.
Esta cultivar produz frutas com significativo valor agregado, grande apreço no mercado internacional e potencialmente promissor a fruticultura ornamental.
O maracujá-Roxo possui um sabor ácido e agradável para consumo in natura, sem necessidade de processamento, sorvetes e doces.
Ele apresenta frutos de tamanhos pequenos a médios com peso médio de 40g, sua casca é caracterizada por um tom de roxo escuro e de formato arredondado com comprimento e largura de até 4 cm, a espessura da casca é considerada fina (0,3 a 0,6 cm). A poupa dos frutos apresentam um tom alaranjado e uma alta quantidade de sólidos solúveis, em que varia de 13 Brix a 17 Brix.
Condições ideais de cultivo
As condições ideias para cultivo desta espécie, são em locais com temperatura do ar mais baixas que variam entre 23 e 28°C, a umidade relativa do ar ideal para a espécie é em torno de 60%, em elevadas altitudes podendo ser de 1.500 metros ou mais, por ser uma planta tropical nativa, necessita de uma grande intensidade de luminosidade, sendo ideal ser acima de 11 horas por dia.
Quanto as condições pluviométricas, o maracujazeiro-Roxo é muito exigente, sendo intolerante a prolongados períodos de estresse hídrico, principalmente no período de desenvolvimento inicial (fase folicular) em que nesta condição pode haver uma pausa no desenvolvimento vegetativo, por outro lado, se houver excesso de chuva, sobretudo na floração, o número de frutos pode ser reduzido.
As características físicas do solo ideais para cultivo são de textura média e bem drenados. O solo arenoso possui alta capacidade da expansão de raízes, no entanto apresentam uma baixa capacidade de absorção de água e nutrientes, portanto, esse solo apesar de interessante ele exige maior quantidade de insumos (nutriente e irrigação), já os solos argilosos possui menor capacidade de expansão das raízes e uma alta capacidade de absorção hídricas e de nutrientes. Visto isso, é ideal que se considere estes fatores para cultivo.
Principais diferenças entre o Maracujá-roxo e o Maracujá-amarelo
O maracujá-Amarelo e o Maracujá roxo são os mais conhecidos e de maior incidência comercial, dos quais podem ser destinados a consumo in natura e para processamento em indústrias. O maracujazeiro amarelo é mais expressivo na comercialização nacional, representando cerca de 90% do mercado consumidor.
As principais diferença dessas espécies, estão relacionadas a características de consumo e mercado, se dá ao fato de que o maracujazeiro amarelo possui frutos maiores, mais pesados, maior acidez e maior rendimento do suco. Já o maracujá-roxo é caracterizado por frutos menores, mais adocicados, com maior Brix (sólidos solúveis) e maior quantidade de vitamina C, sendo ele mais comumente destinado a consumo in natura.
No momento da escolha para cultivo, é importante considerar as diferenças, o maracujazeiro-amarelo é uma planta mais vigorosa em que se desenvolve tranquilamente em temperaturas mais altas, potencial de produção média é de 30 a 35 t/ha. Já o maracujazeiro-roxo se adapta melhor a temperaturas mais baixas e altitudes mais altas com potencial de produção por volta de 30 a 40 t/ha.
3. Maracujá-Doce (Passiflora alata)
O maracujazeiro Passiflora alata, espécie nativa do Brasil, popularmente conhecida como maracujá-doce, maracujá-grande, maracujá-açu, pode ser encontrado em várias regiões do país. Essa espécie tem lugar comercial, tanto para consumo in natura quanto para indústria, mercado nacional e internacional.
Os frutos de maracujá-doce, geralmente são considerados grandes, portanto, são de tamanhos irregulares, tendo um comprimento médio de 11,6 cm, diâmetro de 8,7cm, massa do fruto que varia de 219 a 375g, a massa da casca variando entre 132 e 287g.
A colheita da fruta é feita quando 10% da coloração da casca está amarela, posteriormente ela passa pelo amadurecimento chegando ao tom de cor alaranjado.
Condições ideais de cultivo
O maracujá-doce é de regiões tropicais e semitropicais, em que há sempre predominância de temperatura do ar mais quentes, umidade relativa do ar não muito altas e altitudes mais elevados.
O ideal é fazer o plantio em épocas de chuvas, temperaturas do ar mais altas (23 a 35°C) e alta luminosidade (acima de 11 horas por dia). O cultivo em áreas que mantem uma temperatura mais amena e umidade relativa do ar mais alta, acaba tonando a cultura mais exposta a doenças na parte aérea.
O tipo de solo ideal para cultivo do maracujá-doce é o misto, com uma boa drenagem e boa disponibilidade produtiva. A depender do tipo do solo, condições de temperatura e incidência de chuvas, é necessário estudos sobre reposição hídrica.
Pontos a considerar ao cultivar para venda
O maracujá-doce tem opções de cultivo para comercialização, em que o fruto pode ser comercializado na forma de fruta fresca por ser saborosa e adocicada, ou seja, consumo in natura.
As folhas do maracujazeiro também podem ser destinadas para as indústrias farmacêuticas, que são utilizadas para produção de fitoterápicos e cosméticos, outra finalidade das folhas neste seguimento são o uso delas como fonte de antioxidantes, sedativos e tranquilizantes.
As indústrias de alimentos também têm utilizado das folhas desse maracujá para produção de chás e infusões.
Nesta ótica, é necessário que o produtor estude o destino dos seus produtos, a fim de priorizar a produção primária (fruto ou folhas), com o intuito de adaptar seu sistema de produção de acordo com seu principal alvo no mercado.
4. Maracujá-da-Caatinga (Passiflora cincinnata)
Passiflora cincinnata nativa da caatinga, é uma espécie trepadeira silvestre, mais conhecida como maracujá-do-mato e maracujá-de-boi. O seu cultivo no Brasil é feito em vários estados, sendo os principais: São Paulo, Santa Catarina, Paraíba, Alagoas, Bahia e Pernambuco.
Os frutos do maracujá-do-mato, tem o tempo de amadurecimento de seis meses, no entanto, na região da caatinga esse desenvolvimento ocorre de quatro a cinco meses após a floração.
Os frutos verdes ou maduros têm a coloração verde da casca, sendo possível identificar se estão maduros tateando os frutos e percebendo o quanto cede a pressão. Geralmente os frutos dessa espécie são bem resistentes a quedas da planta, sendo que ficam até oito meses alocados mesmo que maduros, nesta condição, podem ficar com coloração esbranquiçadas ou alaranjadas.
O tamanho dos frutos pode variar um pouco, tendo de comprimento e médio de 5,6 cm, diâmetro médio de 6,2 cm e comprimento do pedúnculo de 6,2 cm, a massa média do fruto é 101 g e da casca é de 36 g.
Condições ideais de cultivo: Clima específico do bioma da caatinga
O maracujazeiro-da-caatinga é uma frutífera de clima tropical, que necessita de altas temperaturas e disponibilidade hídrica, portanto, a região mais propícia para o cultivo é da caatinga (semiárido). A região de Petrolina/PE, possui clima ideal para esse maracujazeiro, com temperaturas ideias de cultivo, que são de média anual de 26°C, com médias anuais da máxima de 31,7°C e mínima de 19,8°C.
Em relação aos tipos de solo que melhor se adequam a esta espécie é o arenoso, encontrados no semiárido. O solo deve ter uma boa drenagem, ser profundos e que não apresentar possíveis riscos de encharcamento. No geral, o solo arenoso é o que apresenta a possibilidade para o melhor cultivo desta espécie.
Potencial comercial na região Nordeste
O maracujá-do-mato tem grande possibilidade de expansão de mercado até no âmbito internacional, por ser uma cultivar com bastante retorno produtivo, sobretudo na região do Nordeste (caatinga).
Os frutos podem ser consumidos in natura na forma de suco ou até mesmo destinados a industrialização dos quais podem ter fins: medicinais, ornamentais e nutricionais.
5. Outros Tipos Menos Comuns de Maracujá Cultivados no Brasil
O Brasil possui 150 espécies nativas de maracujá, no entanto, muitas delas não são comuns no mercado, ainda que muitas tenha potencial, seja para consumo in natura, uso medicinal, ornamental, artesanal, ambiente e até para obtenção de pectinas. Este se dá ao fato de que ainda foram pouco exploradas.
Dentre os maracujazeiros menos comuns, existe o maracujá-mamão que é uma trepadeira encontrada em regiões sombreadas, com solo úmido e ricos em matéria orgânica, no Brasil pode ser encontrado na região sul e sudeste e em toda a Amazônia.
Seus frutos são do tipo baga periforme amarela, com comprimento de 6 a 10 cm, com massa variando de 100 a 500 g.
A comercialização dessa espécie é pelos frutos e folhas. Os frutos são é in natura como doces, poupa com açúcar, saladas e compotas. As folhas possuem uma substância chamada passiflorina e ela vêm sendo utilizadas pela indústria farmacêutica como calmante.
Outra espécie menos conhecida é o maracujá-vermelho ou maracujá-paixão, nativa da região norte, nordeste e centro-oeste do Brasil.
A sua grande beleza está nas flores, seus frutos de aproximadamente 6 cm em tons rajados são de sabor ácido e saborosos. Geralmente consumidos a poupa para sucos, geleias, sorvetes e doces. Sua comercialização pode ser feita pelos frutos dessa forma ou em mudas utilizadas de forma ornamental.
Esta espécie de maracujá pode ser considerada na utilização de melhoramento genético, visto que se trata de uma planta silvestre bastante resistência a modificações climáticas e a pragas e doenças.
Pragas, Doenças e Dicas de prevenção e tratamento
O maracujazeiro necessita de uma série de cuidados para não sofrer com incidências de pragas e doenças, que deve acontecer desde o plantio e passar por todas as fases de cultivo.
As principais doenças dessa frutífera são: Antracnose, Verrugose, Fusariose, Mancha Oleosa (Bacteriose), Percevejos, Lagarta do maracujazeiro, Lagarta da folha, Broca da haste, Moscas das frutas, Mosca-do-botão-floral, Ácaros, Cochonilhas, Corós, Abelha melífera, Abelha arapuá, Besouro da flor do maracujá, Cigarrinha verde, Mosca branca e Viroses.
Para prevenção dessas pragas e doenças é necessário que se faça um bom manejo, sendo adubação equilibrada, irrigação adequada, boa manutenção de equipamentos e maquinários, realizar rotação de cultura, controle de plantas indesejadas e utilizar agrotóxicos de acordo com a recomendações específicas.
Dicas de manejo
As técnicas de manejo para o cultivo do maracujazeiro são de extrema importância para potenciar a produtividade da cultura, ou seja, ao manipular condições ideais de desenvolvimento há um retorno econômico mais satisfatório.
O espaçamento das plantas tradicionalmente pode variar de 2,5 a 3 metros entre linhas e de 4 a 5m entre plantas, no entanto, alguns estudos feitos no DF garantiram bons resultados quando adensados nas entrelinhas em 1,8 a 3 m e entre plantas de 1,5 a 2 m, com essa nova forma alcançou-se maior produção por área, possibilidade de rotação de culturas, mão-de-obra mais bem aproveitada, polinização facilitada, menos prejuízo, colheita precoce.
A irrigação é muito importante para aumento da produtividade dos frutos, visto que a reposição hídrica fornece a planta a quantidade ideal de água para cada estádio de desenvolvimento, o método de irrigação mais eficiente neste caso, é por gotejamento, que deposita água diretamente nas raízes, sem molhar as folhas. A forma mais comum é instalar dois gotejadores por planta, um em cada lado do caule.
A poda do maracujazeiro é feita periodicamente, onde considera-se que as brotações sejam eliminadas, conforme recomendações em que sempre o ramo principal seja referência.
A polinização do maracujá, quando é feita de forma natural pode acontecer por meio das mangabas ou também manualmente. Uma boa polinização está diretamente ligada ao pegamento dos frutos e consequentemente, maior produção.
A otimização da produção do maracujazeiro se dá ao manejo que deve ser sempre adaptado conforme tipo o maracujá cultivado, visto que cada espécie tem uma necessidade hídrica, de temperatura, de altitude, de luminosidade, de espaçamento, de tipo de solo etc. A frutífera sob condições ideais de cultivo dá o retorno de maior produção por área e por consequência, o retorno econômico.
Conclusões
A escolha do tipo de maracujá é muito importante, antes de iniciar o cultivo, pois deve estar adequado as condições climáticas e a relevância econômica.
Deve-se considerar qual a forma de comercialização da planta, se será o fruto ou as folhas, pois esta variável é importante para as posteriores adaptações de cultivo e colheita.
Atualmente, existem muitas espécies nativas silvestres, que naturalmente apresentam alta resistência a condições climáticas e hídricas, das quais podem ser feitos muitos estudos com intuito de melhoramento genético.
Outro fator interessante, seria um estudo mais aplicado a experimentos de melhor aproveitamento de área. Uma infinidade de estudos podem ser feitos para otimizar a produção desta fruta nativa e que posteriormente pode ter mais expressão econômica.
Referências
Jéssica Maiara Ferrari
Tecnóloga em Agricultura de Precisão pela Fatec-SP e Mestrada em Agronomia pela UNESP.
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