Tipos de Laranjas: conheça mais sobre a citricultura no Brasil
História
De origem asiática, a citricultura no Brasil “inicia” junto com o descobrimento. Em meados de 1503, as primeiras sementes de laranja doce foram introduzidas nos estados da Bahia (região mais povoada neste período) e São Paulo (terra que começava a apresentar potencial agrícola).
Devido às boas condições climáticas e ecológicas, a planta se adaptou de forma satisfatória e se desenvolveu de forma surpreendente, apresentando uma qualidade excelente em seus frutos. Mas foi apenas em 1930 que ela alcançou importância comercial para o Brasil. A partir daí se espalhou de forma desigual para outras regiões do país, como Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, etc.
Em 1980, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, se tornando o maior produtor de laranjas do mundo, posto que mantem até os dias de hoje. O Brasil produz cerca de 61% de todo o suco de laranja consumido no mundo. Entre todos os produtos citros, o suco de laranja ocupa a principal posição quando se trata do setor agroindustrial do país. Além disso, a laranjeira tem a maior importância entre as espécies frutíferas do Brasil.
Tudo que envolve laranja no Brasil tem números grandiosos. Somos o maior produtor de diversos tipos de laranja, bem como o maior exportador da fruta e do suco.
O Brasil não chega a produzir todos os tipos de laranja, mas a maioria. A oferta é vasta e isso se deve à qualidade do solo brasileiro e de seu clima tropical.
A Importância
Contemplando laranjas, tangerinas, limões e limas ácidas, a citricultura é uma das maiores atividades do setor agrícola no planeta. O alto consumo ao redor do globo se dá pelo fácil acesso e valores de compra, o que torna as frutas e produtos acessíveis às mais diferentes classes sociais.
Sua importância é tamanha, que há um dia dedicado a todos os profissionais da citricultura, dia 08 de junho.
A data foi estabelecida em 1969 e desde então tem relembrado a importância de seu trabalho na economia e vida dos cidadãos brasileiros. E enganam-se os que pensam que o trabalho desses profissionais se limita apenas ao plantio. Eles vão muito além tendo que otimizar investimentos em tecnologias que auxiliam na preservação e produtividade dos pomares, como insumos, máquinas de colheita e profissionais especialistas em diversas áreas.
E é graças ao trabalho destes profissionais, que hoje, o Brasil é líder do mercado internacional.
Classificação Botânica
Os citros têm origem nas regiões tropicais e subtropicais do Continente Asiático e no Arquipélago Malaio.
Famílias:
a) meliáceas
b) simaruláceas
c) rutáceas
Espécies:
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Citrus sinensis Osbek - laranja doce
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Citrus deliciosa Tenore - mexirica do Rio
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Citrus limonia Osbek - limão cravo
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Citrus reshui Nortex-tan - tangerina Cleópatra
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Citrus paradisi - pomelo
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Citrus sunki Nortex Jan - tangerina sunki
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Citrus reticulada Blanco - tangerina pokan, cravo
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Citrus medica - cidra
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Citrus reticulada sinensis - tangerina murcot
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Citrus fortunella spp. - tangerina murcot
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Citrus aurantifolia swingle - lima ácida galego
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Citrus máxima - toranja
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Citrus latifolia Tanaka - lima ácida tarti
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Citrus aurantium - laranja azeda
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Poncirus trifoliata - limão azedo
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Citrus limon Burn - limão siciliano
Descrição Botânica
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Caule: tronco cilíndrico, com ramificação normal. Quando novo apresenta coloração verde e a medida que a planta envelhece esta coloração passa para o marrom. Os galhos e os ramos menores suportam a copa. A madeira é dura, compacta e de coloração amarelo-claro.
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Raízes: São do tipo pivotante atingindo 60cm na vertical e até 2m na horizontal.
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Folhas: São persistentes, verde-claro quando novas e passam para o verde mais escuro a medida que envelhecem. Variam de simples a compostas, unifoliatas, com limbos inteiros. Sua forma é elíptica, oval ou lanciolada e, de aspecto coreácea.
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Flor: São inflorescências solitárias ou agrupadas definidas ou não, do tipo cacho ou subtipo corimbo. Apresentam pedúnculo curto, liso e articulado. São pequenas, hermafroditas e apresentam coloração branca.
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Fruto: São hesperidium, podendo ser globulosos ou subglobulosos. Dividem-se em pericarpo e sementes.
Características da laranja
Laranja é um fruto que, como intuímos, vem da laranjeira, mas no mundo científico pertence à família Rutaceae. Sua árvore pode chegar a até 8 metros de altura e, mesmo assim, é considerada de porte médio.
Mas a laranja e seus tipos não são produções genuínas da natureza. Precisou contar com a colaboração humana para vir a desenvolver-se. É uma fruta híbrida que foi criada ao se cruzar o pomelo com a tangerina.
A fruta é cítrica, doce, mas um pouco azeda. Seu formato é oval e a casca é alaranjada. Tem gomos na face interna.
Como o Brasil produz variados tipos de laranja e em larga escala, afinal, é o campeão de exportação dessa fruta, pensa-se que a laranja se origina de nosso país. Mas, ao contrário, origina-se da Índia. Foi levada do país asiático pelos árabes, que acabaram propagando a fruta pelo mundo inteiro.
Quais são os tipos de laranja?
O Brasil produz a maior parte dos variados tipos de laranja.
As espécies, basicamente, se dividem em dois grupos:
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Citrus sinensis;
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Citrus aurantium.
O primeiro engloba as laranjas doces e, o segundo, as de tipos azedos. As espécies de laranja mais famosas estão listadas a seguir:
1. Laranja lima
Uma das espécies mais conhecida da fruta é a laranja lima. Espécie doce e considerada de baixa acidez, muito recomendada para crianças e pessoas com problemas estomacais.
Fruta de origem no sudeste da Ásia é considerada doce, tem baixa acidez. Como todas as laranjas, é rica em vitamina C. Tem tamanho médio a grande, com quantidade considerável de calorias.
A laranja lima é uma fruta muito indicada para mulheres grávidas, bebês e crianças, já que é pouco ácida e rica em nutrientes. Possui antioxidantes e ação anti-inflamatória. Seu suco é uma ótima fonte de energia, sendo uma boa escolha para quem quer se hidratar. Dessa forma, essa espécie de laranja é indicada para ser consumida por quem pratica exercícios físicos, seja como suco ou mesmo em forma de fruta.
Outra característica da laranja lima é que ela é atua no combate a coágulos no sangue, e é também eficiente no tratamento de problemas de estômago e para regular o intestino. Muito importante também, é recomendada para ajudar no equilíbrio do colesterol e no aumento da imunidade.
Além do seu consumo como fruta ou suco, a laranja lima tem bastante uso na cozinha. Sua origem na Ásia se reflete na utilização para pratos típicos da Tailândia, do Vietnã e também, usa-se a fruta também em pratos mexicanos.
2. Laranja vermelha
Também conhecida como laranja-sanguínea ou laranja de sangue. Devido ao fato que seu interior apresentar cor vermelha, que vem do licopeno.
Essa fruta tem origem na Índia e também é muito comum em países do Mediterrâneo. Itália e Turquia são dois famosos produtores da laranja vermelha. Entretanto, ela é pouco conhecida dos brasileiros.
O licopeno ajuda a combater os radicais livres. Assim, a laranja vermelha é auxiliar contra doenças do coração.
A fruta também ajuda as pessoas interessadas em perder peso. Isso porque ela ajuda a diminuir o tamanho de células gordurosas.
A variedade vermelha é a menor entre as laranjas, mas, ao mesmo tempo, uma das mais ricas em nutrientes.
O fato de possuir alfa e betacaroteno é outro diferencial. Afinal, eles são fundamentais para o corpo conseguir absorver a vitamina A. Ela, por sua vez, é importante para a bom funcionamento de olhos, boca, nariz e estômago.
3. Laranja pêra
Essa espécie é a mais importante em termos de cultivo para o Brasil, pois é um dos únicos do mundo a cultivar a laranja pera em larga escala.
Atualmente, cerca de 70% de toda produção de laranjas do Brasil é da espécie pera, e vale lembrar que o país é o maior produtor de laranjas do mundo.
Essa variedade tem tamanho médio, pouco ácida e considerada doce. Outra característica é que possui poucas sementes. Assim, tudo isso a torna própria para o preparo de sucos, ganhando a preferência dos produtores brasileiros.
Seu uso é destinado para a indústria, para o consumo como fruta e ainda para exportação.
A laranja pêra tem em média 30% menos calorias que outras variedades, é rica em nutrientes. Além da vitamina C, tem boas quantidades de vitamina do complexo B e é rica em cálcio, potássio, sódio e fósforo.
Dentre os benefícios que o consumo de laranja pera traz está a redução dos níveis de colesterol. Pesquisas mostram que essa espécie também reduza a quantidade de açúcar no sangue. A fruta ainda auxilia o sistema de defesa do corpo.
Ela é indicada para o alívio da prisão de ventre e seu consumo também previne a trombose e o envelhecimento precoce.
4. Laranja da terra
Uma das espécies de laranja mais conhecidas, a laranja da terra é menos comum para consumo como fruto, pois, ela é pequena e, sobretudo, amarga. Contudo, é muito recomendada para se fazer conservas e também para uso medicinal.
Ótima fonte de vitamina C, essa variedade também é rica em fibras e tem boa dose de magnésio. Por esse motivo, traz muitos benefícios ao sistema digestório, auxiliando no bom funcionamento do intestino. Também ajuda a diminuir dores de estômago e auxilia na digestão.
Seu uso é muito comum para a produção de suplemento para dietas, porque a laranja da terra diminui o apetite.
Assim como outras espécies, a laranja da terra possui flavonoides, que ajudam, por exemplo, a limpar o organismo e auxiliam no combate a doenças do coração.
Outra grande vantagem é que a vitamina C presente na laranja auxilia a absorver ferro, fundamental para pessoas que sofrem de anemia. Essa espécie é aliada também, no combate ao estresse e à depressão.
Por ter ação anti-inflamatória, a laranja da terra também é utilizada para a fabricação de medicamentos.
5. Toranja
É uma das maiores entre as laranjas, sendo também uma das mais ácidas. Vale lembrar, que a toranja não é uma laranja “pura”. Ela é considerada uma espécie híbrida, afinal, é resultado da combinação das sementes da laranja e do pomelo, outra fruta cítrica.
A toranja traz muitos benefícios medicinais, porque tem ação estimulante e digestiva.
É muito indicada para quem sofre com problemas de falta de apetite e cansaço. Além de ajudar no combate à gripe, resfriado e dores de garganta.
É rica em antioxidantes, o que ajuda a manter a pele saudável e melhora a saúde do coração, sendo, também, rica em fibras e potássio. É uma boa fonte de energia para quem pratica exercícios físicos, sendo também, uma boa opção para hidratação.
Assim, seu consumo mais comum é em forma de suco ou mesmo chás. A fruta também é bastante utilizada em receitas ou para a produção de conservas.
6. Laranja seleta
A laranja seleta é a número um em produção no mundo. É cultivada para fins comerciais em todas as regiões tropicais e semitropicais do planeta. Até mesmo em zonas de clima temperado, o seu cultivo é realizado. Por se adaptar bem, ser de fácil cultivo e poder ser utilizada para vários fins, a laranja seleta tem ótimo custo benefício.
Tem tamanho médio, geralmente variando entre 6 e 10 centímetros.
Seu consumo ocorre tanto como fruta, quanto em forma de suco. Com a casca costuma ser utilizada em receitas ou ainda para a fabricação de doces.
Fruta rica em vitamina C, a laranja seleta também é boa fonte de vitamina A e de potássio.
Um detalhe muito importante é que suas flores produzem mais néctar do que qualquer outra. Por esse motivo, são utilizadas e úteis também para a produção de mel.
7. Laranja barão
Espécie parecida com a laranja pera, contudo, tem uma diferença enorme, em especial no Brasil: é pouco cultivada. Dessa forma, é difícil de ser encontrada. Seu tamanho também é menor.
Sua árvore tem porte médio e produz bem. A fruta tem como característica ter a casca fina e lisa. Além disso, a laranja barão tem sabor doce e acidez entre média e elevada.
Devido ao seu sabor, ela é indicada para se fazer sucos e também para produzir doces. Devido ao fato de ter polpa bem recheada e suculenta, é bem aceita para pratos de alta gastronomia.
8. Laranja Bahia
A laranja Bahia é conhecida em lugares do Brasil como laranja de umbigo, por causa de sua forma bem característica, que apresenta o formato de um “umbigo” em um dos lados do fruto. Fruta com tamanho grande, casca com cor bem amarela ou laranja e polpa bastante suculenta. O sabor é ao mesmo tempo ácido e doce. É muito consumida como fruta, devido ao fato de seus frutos quase não apresentarem sementes e por ser fácil de descascar.
Na culinária, é uma variedade muito apreciada para se fazer saladas. As laranjeiras dessa espécie têm porte grande e produzem muito. Em média, cada árvore rende entre 150 kg e 250 kg de laranja Bahia. Seus frutos costumam aparecer nos meses finais do outono.
Quer ir além e conhecer também os principais tipos de limão? Temos um artigo completo sobre o assunto. Confira aqui!
Ponkan, tangerina, bergamota ou mexerica? É tudo e mesma coisa? Qual a diferença?
Essa uma das grandes dúvidas que, volta e meia, deixam as pessoas verdadeiramente confusas, especialmente em feiras e sacolões.
Afinal, qual a diferença ou o que a tangerina, a mexerica, a bergamota e a ponkan têm em comum? Primeiro, já vamos acertar a grafia de uma delas - é ponkan ou poncã? Apesar da versão aportuguesada do nome 'poncã' e que está até nos dicionários brasileiros, indica que o nome correto é 'ponkan', segundo o Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
E agora, uma informação para quando alguém começar um debate sobre o nome certo das frutas em questão: aqui no Brasil, sejam elas, ponkan, mexerica, mimosa, bergamota, tangerina-cravo, todas são tangerinas, e saíram da espécie de fruta cítrica conhecida por biólogos por Citrus reticulata, agora em diante, sem mais confusões.
Origem da ponkan
A origem da fruta é asiática, e desde que começou a ser domesticada pela humanidade, foi ganhando novos territórios, deixando muitos descendentes, gerando mutações naturais e ganhando muitos nomes.
Apesar de atualmente estar em menor número no mundo, a tangeria é a 'mãe' ou o 'pai' das laranjas, e vem do cruzamento de algumas espécies de citrus.
Esta afirmação foi comprovada com estudos recentes de sequenciamento de DNA. Antes dos estudos, muitos pesquisadores já desconfiavam que a laranja seria então uma espécie híbrida. E a resposta se deu com os testes de DNA.
Uma fruta, vários nomes
Tangerina tornou-se um nome central da espécie. Vem de 'laranja de Tânger' (cidade ao norte do Marrocos). Mas há denominações como mandarina, palavra de origem espanhola, e bergamota, da expressão turca beg armudi que quer dizer “pera do príncipe”.
Há até a palavra 'vergamota', em países que a sonoridade da letra 'B' é a da letra 'V'. No Brasil há ainda nomes como mimosa e fuxiqueira.
Vamos esclarecer
Para colocar em ordem e explicar a diferença entre as variedades mais comuns de tangerinas, a IAC faz uma lista das variedades mais comuns com as quais todo mundo já se deparou nos sacolões, feiras e supermercados.
Podemos dividir em 5 grupos mais comuns: tangerinas comuns, clementinas, satsumas, mexericas e tangores.
9. Ponkan
Esta é uma variedade das mais clássicas da tangerina e é obtida diretamente da planta 'mãe', Citrus reticulata. É também a mais amigável aos consumidores pois é muito fácil de se descascar e é a mais doce entre as tangerinas.
Tangerina ponkan esta é a variedade Ponkan IAC 224
10. Tangerina-cravo
Erroneamente nomeada, por vezes, de laranja-cravo, é também uma variedade vinda da planta Citrus reticulata. Em comparação com a ponkan, ela é um pouco mais ácida, mas também fácil de se descascar.
Tangerina-cravo. A variedade é chamada Cravo IAC 182
11. Clementina
É uma tangerina também obtida da Citrus reticulata de origem espanhola. Tem produção no Brasil, mas em pouca quantidade, pois o clima por aqui faz a fruta amadurecer muito rápido, além de diminuir o seu tempo de prateleira.
12. Satsuma
Também vem da uma planta Citrus reticulata, mas sua origem é o Japão. No Rio Grande do Sul tem alguma produção da fruta. Apesar da vantagem de não ter sementes,****não agradou o paladar brasileiro por ser muito aguada.
A japonesa satsuma. A variedade em questão é a Satsuma Miyagawa IAC 537
13. Mexerica-do-rio
É uma filha da tangerina com o pomelo ou grapefruit. Desse cruzamento nasceu uma planta com características tão únicas que acabou ganhando seu próprio nome de espécie: Citrus deliciosa. No Rio Grande do Sul, é mais conhecida por bergamota. Por sua casca ter mais óleos essenciais, sempre desprende mais cheiro quando é descascada. Agora tem uma curiosidade que poderia confundi-lo. Sabia que existe de fato a bergamota 'verdadeira'? É o fruto da planta Citrus bergamia que não é comestível. Seu uso é mais industrial, para extração de óleos essenciais. Por ter um formato de 'pera', ganhou o nome turco - beg armudi.
Esta é uma mexerica, sua variedade chama-se Mexerica Tardia IAC 589
14. Tangor
São frutas híbridas e entre os tangores, os principais são murcott (Estados Unidos) e a decopon (Japão). A murcott é mais comum de se encontrar nos sacolões, e pode até ter nomes como murcote ou morgote, mas o correto é murcott (com dois 'Ts'). Ela é um cruzamento da tangerina com a laranja doce. A fruta tem mais sementes e um gosto mais parecido com o da laranja, além de ter uma casca mais dura. Na indústria é a mais usada para fabricar sorvetes de tangerina.
Este é o tangor murcott. A variedade é Murcott IAC 221
Recomendações para o cultivo de citros
- Clima
De forma geral, os citros preferem climas com temperatura entre 23°C e 32°C para serem cultivados, com umidade relativa do ar alta. Regiões em que a média de temperatura supera os 40°C ou está abaixo dos 13°C reduzem a produtividade da cultura, devido à diminuição da taxa de fotossíntese. A temperatura afeta no aspecto das frutas: locais mais frios produzem frutos mais ácidos e com coloração mais intensa; enquanto locais mais quentes produzem frutos mais doces.
- Solo
As árvores conseguem se desenvolver melhor e, consequentemente, produzir mais frutos em solos profundos e permeáveis, com boa fertilidade e pouco ácidos. Esse tipo de cultura predomina em latossolos, argissolos e neossolos. Solos pouco profundos ou arenosos e pedregosos, por exemplo, não são indicados para o desenvolvimento da citricultura.
- Plantio
As mudas de citros, no Estado de São Paulo, são produzidas por viveiros credenciados; normalmente apresentam haste única, normalmente com 50 cm de altura, que precisam de cuidados para formação das “pernadas”, que são feitos com a seleção de três a quatro brotos lançados após pegamento no campo. Em outros estados, é possível encontrar mudas já formadas. Para o plantio de pomares comerciais, depois de preparar o terreno, é realizada a sulcação, com aplicação de calcário e fertilizantes, e o alinhamento das covas; em pomares domésticos, pode-se abrir covas com 0,4 m por 0,4 m por 0,4 m, misturando-se à terra, calcário e fertilizante orgânico. As mudas podem ser plantadas alinhadas, com espaçamento de cerca de 7 a 6 m entre linhas (ou ruas) por 5 a 3 m na linha. Os espaçamentos maiores são utilizados para plantas de grande porte como o limão e outras variedades vigorosas e os menores para as tangerinas, como a Ponkan. A escolha de variedades é feita em função da expectativa de comercialização do produto no mercado, quer seja para a indústria ou para o mercado de fruta fresca. São estabelecidos talhões com área de até 10 hectares, onde são plantadas uma única combinação de copa e porta-enxerto, o que viabiliza o manejo, tratos cultuais e colheita. Em chácara e quintais, é possível plantar árvores de diversas variedades para garantir produção durante o ano inteiro. Não existe uma área mínima para o plantio de um pomar. Uma planta no jardim pode trazer momentos bastante agradáveis ao “produtor”. Contudo vale lembrar que quanto maior a área, maiores serão os cuidados e investimentos necessários para se colher “bons frutos”. O plantio deve ser realizado no início da estação chuvosa, de preferência em dias nublados. Ainda, é possível fazer o plantio o ano todo, dependendo do tamanho do pomar a ser plantado e da possibilidade para fazer a rega das mudas.
- Colheita
A evolução da maturação das frutas cítricas para após a colheita. Por isso é conveniente esperar até que as laranjas estejam maduras, para a colheita, quando os frutos tendem a ser mais doces e menos ácidos. A laranjeira, e outras variedades, começam a produzir no terceiro ano, se forem reunidas as condições ideais de clima e solo. A produção de frutos aumenta até o 10° ano, quando as árvores são consideradas adultas. Produz bem até os 20 anos. A safra é anual e dura, para cada variedade, entre dois e quatro meses. A produção média de uma árvore fica em torno de 100 quilos. É preciso ter cuidado durante a colheita. Quando o fruto é derrubado no chão, podem ocorrer pequenas lesões e ferimentos provocados pelo contato com grãos de terra ou areia. Mesmo quando microscópicos, esses ferimentos podem facilitar a entrada de fungos e bactérias que causarão o aprodrecimento precoce do fruto.
- Principais pragas e doenças
A laranjeira e os outros citros são atacadas por ácaros, cochonilhas, coleobrocas (besouros que perfuram tronco e ramos), pulgões, moscas-das-frutas, lagartas, cochonilhas e formigas. As doenças mais comuns são causadas por fungos: verrugose (lesões nas folhas e brotos), gomose (afeta os ramos, raízes e caule), melanose (lesões nos frutos, folhas e ramos), rubelose (ramos e tronco), mancha preta (frutos), e bactérias: cancro cítrico (folhas, ramos e frutos), clorose variegada dos citros (folhas e frutos) e huanglongbing (HLB) = greening (folhas e frutos). O cancro cítrico e o HLB, são doenças denominadas quaternárias A2 e, por força de lei, as plantas infectadas devem ser arrancadas dos pomares, inclusive dos pomares domésticos. A manutenção do pomar em bom estado fitossanitário requer vigilância sistemática e efetiva ao aparecimento de problemas. Assim, amostragens ou inspeções periódicas (semanais ou quinzenais) devem ser efetuadas nas plantas para detecção de qualquer praga no início de seu ataque. Assim, diagnosticado o problema, recomenda-se buscar orientação técnica para tomada de medidas de controle. No caso de doenças, a prevenção é a forma mais utilizada de controle, devendo também ser orientada por um técnico. Existe no comércio diversos produtos agroquímicos (defensivos), cada qual com especificidade de controle, seletividade a inimigos naturais e toxicidade ao aplicador e ao consumidor. A escolha correta do defensivo é importante no sucesso da pulverização.
- Ácaro da falsa ferrugem (Phyllocoptruta oleivora):
Principais características:
- Uma das pragas mais frequentes da citricultura mundial;
- Ataca toda as variedades comerciais de citros;
- Disseminação é realizada principalmente pela ação dos ventos;
- Maior incidência com o aumento da umidade do ar, que coincide com o florescimento das plantas;
- Encontrado em folhas novas e frutos em formação.
Sintomas:
- Folhas com manchas escuras com formato irregular na superfície;
- Frutos com coloração escura prateada que segue para uma coloração de ferrugem.
Fruto exibindo danos causados pelo ácaro da falsa ferrugem. Fonte: Don Ferrin, Louisiana State University Agricultural Center, Bugwood.org
Controle:
- Utilização de quebra-vento de espécies não hospedeiras de ácaros;
- Cobertura verde com mentrasto, planta-daninha que desfavorece o crescimento populacional do ácaro;
- Aplicação de acaricida quando o inseto for encontrado em mais de 20% do pomar para pomares de comercialização da fruta in natura, ou 30% de infestação para pomares de produção industrial.
- Ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis):
Principais características:
- Maior ocorrência em período de seca e crescimento dos frutos;
- Vetor do vírus responsável pela Leprose dos Citros, considerada a maior doença virótica da citricultura;
- O ácaro adquire o vírus ao se alimentar de plantas previamente infectadas e passa a transmiti-lo ;
- A doença pode causar redução de 30 a 100% da produtividade ;
- Laranjeiras doces são altamente suscetíveis a esta doença, enquanto o tangor 'Murcote' apresenta resistência.
Sintomas:
- Quando livre de vírus, os sintomas causados pelo ácaro ao se alimentar das plantas são dificilmente identificáveis;
- Os sintomas causados pelo vírus aparecem após 17 dias da infecção;
- As folhas apresentam lesões cloróticas arredondadas e lisas. Pode provocar a queda;
- Os frutos apresentam mancha clorótica deprimida com pontos necróticos;
- Observa-se também a queda de frutos após aproximadamente 3 semanas da transmissão do vírus pelo ácaro.
Sintomas de leprose nas folhas, ramo e frutos de laranja. Foto: Dr. Francisco Humberto Henrique
Controle:
Monitoramento da população do ácaro da Leprose no pomar com o uso de:
- Quebra-vento ou cerca-viva com espécies não hospedeiras do ácaro;
- Introdução de predadores naturais do ácaro da leprose como Euseius concordis e Stethorus sp;
- Desinfestação de equipamentos, veículos e caixas de colheita;
- Adquirir mudas sadias de viveiros certificados;
- Acaricidas devem ser pulverizados quando mais de 10% dos frutos estiverem infestados com o ácaro.
- Mosca das frutas
Principais características:
Os prejuízos na produtividade dos pomares em que ocorre o ataque da mosca das frutas pode chegar entre 30 a 50%. Embora existam diversas espécies desta praga, três são responsáveis pelos danos aos citros: a mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata), a mosca sul-americana (Anastrepha fraterculus) e a mosca-da-mandioca (Neosilba spp.).
As fêmeas da mosca perfuram a casca do fruto e colocam seus ovos. As larvas que se desenvolvem dentro dos frutos se alimentam da polpa, inviabilizando o consumo.
Moscas das frutas ovopositando em um fruto de laranja. Fonte
- Coloração marrom ao redor do orifício causado pelas moscas nos frutos;
- Nos orifícios formados na superfície do fruto pelas moscas ocorre o apodrecimento, devido a presença de bactérias, que resulta na queda do fruto.
Controle:
- Coletar frutos caídos e enterrar a aproximadamente 30 cm de profundidade;
- Monitorar as moscas por meio da utilização de armadilhas presas em ramos;
- Utilizar iscas toxicas nas armadilhas de monitoramento ou, quando a população de moscas for alta, realizar o controle químico com inseticidas de cobertura total.
- Cigarrinha
Principais características:
As cigarrinhas são insetos cosmopolitas sugadores que se alimentam da seiva das plantas. Mas o grande problema, nos citros, não é elas sugarem altos volumes de seiva, A razão para esse inseto ser considerado praga na citricultura é porque algumas espécies da subfamília Cicadellinae que são capazes de transmitir a bactéria Xylella fastidiosa, causadora da doença Clorose Variegada dos Citros (CVC).
A transmissão ocorre quando, ao se alimentarem de plantas previamente colonizadas pela bactéria, elas a adquirem e passam a transmiti-la ao se alimentarem de outras plantas. Esta doença afeta todas as variedades comerciais de laranja doce.
Espécies de cigarrinha capazes de transmitir Xylella fastidiosa. Fonte: Fundecitrus
Sintomas da CVC:
- Manchas pequenas e amareladas na superfície de cima das folhas;
- Frutos endurecidos, pequenos, com amadurecimento precoce, sendo impróprios para a comercialização.
Sintomas severos de Clorose Variegada dos Citros (CVC). Fonte
Controle:
Ainda não se conhece uma maneira de controlar a bactéria, desta forma o manejo da CVC é realizado através dos seguintes passos:
- Adquirir mudas sadias, livres da bactéria, de viveiros certificados;
- Em caso de sintomas iniciais de CVC, os ramos sintomáticos devem ser podados;
- Quando os sintomas estiverem avançados, deve-se realizar a erradicação da planta;
- Controle da população de cigarrinhas: Em pomares com plantas de até três anos o uso de inseticida deve ser usado de forma preventiva em período de chuvas. Em plantas de mais de 4 anos o controle químico ou biológico deve ser realizado quando uma em cada 10% das plantas vistoriadas apresentarem cigarrinhas.
- Psilídeo Diaphorina citri
Os psilídeos são insetos que se alimentam da seiva de plantas como murtas e toda as variedades de citros. Assim como as cigarrinhas, os danos econômicos diretos causados pela alimentação deste inseto são mínimos, no entanto o Psilídeo Diaphorina citri é o vetor da bactéria Candidatus Liberibacter spp, causadora do greening (huanglongbing/HLB), sendo atualmente, a doença de maior impacto econômico da citricultura mundial.
Insetos adultos que se alimentam de plantas doentes adquirem a bactéria e passam a transmiti-la para outras plantas sadias. Insetos que se desenvolvem em plantas doentes aumentam a sua capacidade de transmissão da doença. O número de plantas doentes, em um levantamento realizado pelo Fundecitrus em 2019 nos estados de SP e MG, foi de aproximadamente 37 milhões de árvores, quase 5% maior que o número apresentado no ano anterior.
Diaphorina citri, psilídeo transmissor do greening. Fonte
Sintomas da doença:
- Sintomas mais evidentes ao final do verão e início da primavera;
- Ramos com folhas amareladas quando jovens;
- Folhas maduras apresentam manchas irregulares verdes e amarelas na superfície e sem simetria entre as duas metades;
- Queda das folhas afetadas dando origem a brotações de folhas curvadas verticalmente;
- Frutos com amadurecimento precoce, pequenos, amarelados e assimétricos;
- Árvores novas afetadas não produzem frutos;
- Árvores adultas em produção sofrem queda prematura dos frutos e morrem com o tempo.
Sintomas de greening em folhas e frutos de laranja. Fonte
Controle do inseto:
- Antes do plantio deve-se aplicar inseticida sistêmico de 1 a 5 dias antes da muda ser entregue;
- Pulverização de inseticidas sistêmico e de contato em aplicações que variam com a idade das plantas do pomar;
- Manejo intensificado nos primeiros 100 a 200 metros da divisa do pomar, uma vez que a incidência de insetos provindos de outros pomares é muito maior na faixa de borda;
- Monitoramento do psilídeo através de armadilha adesivas;
- Controle biológico: o parasitoide Tamarixia radiataé uma pequena vespa que utiliza as ninfas do psilídeo para se reproduzir. Elas depositam seus ovos embaixo das ninfas do inseto, e quando crescem, as larvas de Tamarixia radiata se alimentam destas ninfas.
O controle da doença:
É realizado por meio de técnicas de manejo integrado de pragas (MIP), uma vez que ainda não se conhece uma forma de combater a bactéria. Recomendações de evitar o plantio em locais com alta incidência de greening, plantio de mudas sadias vindas de viveiros certificados, constante inspeção dos sintomas e erradicação de plantas sintomáticas, devem ser seguidas para evitar grandes prejuízos causados pela doença.
Estas foram apenas algumas das principais pragas encontradas na citricultura. Conhecer as ameaças e realizar um manejo eficiente é essencial para reduzir custos e aumentar a produtividade nas lavouras.
Referências
Henrique Servolo
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia e Doutor em Engenharia florestal, todos pela Esalq/USP.
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