Os 6 tipos de alface mais cultivados no Brasil e no mundo
Os tipos de alface mais comuns no Brasil são:
- Alface crespa
- Alface Lisa
- Alface mimosa
- Alface romana
- Alface repolhuda lisa
- Alface americana
- Alface Lollo Rossa (ou Lollo roxa)
- Alface roxa
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Continue lendo para saber mais sobre cada um dos tipos de alface, como cultivar, quais são as pragas e doenças mais comuns e como evitá-las.
Introdução
A alface é uma hortaliça de folhas verdes que é cultivada em todo o mundo. Ela é de fácil cultivo e pode ser cultivada em uma variedade de climas. Aqui no Brasil é uma das variedades mais plantadas dentre as hortaliças.
Sua vida pós-colheita é curta, por esse motivo, normalmente as zonas produtoras concentram-se perto de áreas metropolitanas, os chamados “cinturões-verdes”.
No Brasil, a alface é cultivada principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde o clima é mais frio. Durante o inverno nas regiões Sul e Sudeste são cultivadas alfaces importadas adaptadas ao clima mais frio, enquanto nas demais regiões predominam as alfaces de verão.
De modo geral, as cultivares de verão tendem a apresentar atributos de qualidade inferior, como um número menor de folhas e cabeças menos compactadas.
Como a alface é originária de regiões de clima temperado, existe uma dificuldade adicional em se desenvolver novas cultivares para climas tropicais.
A alface pode ser cultivada a partir de sementes ou mudas. As sementes devem ser plantadas em um solo bem drenado e fértil. As mudas devem ser plantadas quando tiverem cerca de 6 semanas de idade. A colheita deve ser realizada quando as folhas estiverem jovens e tenras. Além disso, as folhas devem ser lavadas antes de serem consumidas.
Origens da Alface
A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta anual, originária de clima temperado, pertencente à família Asteracea, certamente uma das hortaliças mais populares e consumidas no Brasil e no mundo.
Quase todas cultivares de alface desenvolvem-se bem em climas amenos, principalmente no período do crescimento vegetativo. Quando há ocorrência de temperaturas mais elevadas acelera-se o ciclo cultural e, dependendo da cultivar, pode resultar em plantas menores porque o pendoamento (fase reprodutiva da alface) ocorre mais precocemente.
A "mãe" de as alfaces foi a Lactuca serriola, uma planta comum no sul da Europa e no Norte da Ásia e Índia. As hoje conhecidas alfaces são cruzamentos de cultivo. Existem registros de cultivo de alface desde o Antigo Egito, de onde se espalhou pelos povos do mediterrâneo.
Tipos e Cultivares de Alface
No Brasil, as cultivares mais consumidas são as crespas e as lisas. Várias delas foram melhoradas para o cultivo de verão ou adaptadas para regiões tropicais, para temperaturas e pluviosidade elevadas. Há também cultivares roxas e com as folhas frisadas.
Saber a definição dos tipos de alface é importante pois a diversidade nas características entre os grupos determina grandes diferenças na conservação pós-colheita e, consequentemente, nos aspectos de manuseio, e isto leva a logísticas e desperdícios se não manejadas corretamente no pós colheita.
Para facilitar o entendimento as cultivares de alface atualmente disponíveis no mercado brasileiro de sementes podem ser agrupadas em cinco tipos morfológicos principais, com base na formação de “cabeça” e o tipo de folhas:
Alface crespa
A queridinha dos brasileiros tem lá a sua razão de ser: possui um tempo pós-colheita maior, sendo, portanto, a mais resistente e a mais durável. Como o próprio nome diz, as folhas são crespas. Sua textura é macia e consistente, podendo ter coloração verde ou roxa. São soltas e não formam cabeças.
- As principais cultivares de alface crespa são: Black Seeded Simpson, Brisa, Elba, Grand Rapids, Grand Rapids Nacional, Grand Rapids TBR, Grande Rápida, Hortência, Itapuã 401, Marianne, Marisa AG 216, Salad Bowl, Simpson, Vanessa, Verônica eVera (AF-470).
- As principais cultivares de alface crespa roxa são: Lila, Maravilha Quatro Estações, Quatro Estações, Rossimo, Veneza Roxa e Vermelha Ruby.
Alface lisa
Embora tenha perdido um pouco o seu mercado, a alface lisa ainda é muito consumida por aqui. Está na mesa dos brasileiros desde a década de 60. Suas folhas são lisas, soltas e macias, sem formação de cabeça.
- Suas principais cultivares são: Babá, Babá de Verão, Monalisa AG 819, Regina, Regina 71, Regina 440, Regina 579, Regina de Verão e Vitória de Verão.
Alface mimosa
A alface mimosa tem as folhas delicadas e recortadas. Por essa característica, também é chamada de alface pé de galinha. Ela tem variações mais exóticas de cores, variando do vermelho ao roxo, e vem conquistando o mercado cada vez mais por conta dessa coloração, que indica a presença de antocianina, um poderoso antioxidante.
- As principais cultivares de alface mimosa são: Lavínia e Mimosa Salad Bowl.
- As principais cultivares de alface mimosa roxa são: Mila, Roxame, Salad Bowl Roxa e Rubi.
Alface romana
A alface romana possui folhas longas, duras e com nervuras aparentes. Formam cabeça fofa na forma de cone.
- As principais cultivares de alface romana são: Branca de Paris, Gallega, Ideal Cos e Romana Balão.
Alface repolhuda lisa
A alface repolhuda lisa ou alface repolhuda manteiga têm folhas lisas e macias, com nervuras pouco aparentes e textura oleosa (daí o nome “alface manteiga”). Formam cabeças compactas.
- As principais cultivares de alface repolhuda lisa são: Áurea, Aurélia, Aurora, Babá de Verão, Boston Branca, Brasil 202, Brasil 303, Carla, Carolina AG 576, Crioula Branca, Elisa, Floresta, Glória, Kagraner de Verão, Karina, Lívia, Luisa, Marina, Maravilha de Inverno, Maravilha de Verão, Minie, Piracicaba 65 e Rainha de Maio.
Alface americana
A alface repolhuda crespa, mais conhecida como alface americana, é a alface preferida dos fast foods, com consumo cada vez maior no Brasil. Suas folhas são crespas, consistentes e crocantes. Formam cabeças grandes e compactas.
- As principais cultivares da alface americana são: América Delícia, Bounty Empire, Crespa Repolhuda, Grandes Lagos, Great Lakes, Great Lakes 659-700, Hanson, Iara, Lorca, Lucy Brown, Madona AG 605, Mesa 659, Nabuco, Raider, Salinas, Summertime e Tainá.
Lollo Rossa
As alfaces lollo tem um porte menor do que as outras variedades de alfaces e possui folhas bem crespas e soltas. A cor varia entre verde e roxa. As suas folhas têm uma textura mais firme e crocante.
Alface Roxa
A alface roxa recebe esse nome por possuir uma coloração diferenciada, que se dá pela quantidade de antocianina, pigmento de efeito antioxidante, que favorece a longevidade.
É uma ótima aliada de quem está buscando perder peso e também é rica em ácido fólico, que ajuda na síntese dos neurotransmissores como a serotonina, que proporciona bem-estar.
Dicas de cultivo da alface
Necessidades de Solo do Alface
A alface é uma planta que prospera em um solo fértil e bem drenado, com pH variando de 6 a 6,8.
É essencial fazer uma preparação apropriada do campo antes de plantar as sementes ou transplantar as mudas.
Também é fundamental nivelar o solo e fazer a adubação mediante recomendação e análises, normalmente uma semana antes do transplante ou do semeio direto.
Necessidades de Água do Alface
Como as plantas de alface possuem um sistema radicular raso normalmente preferem sessões de irrigação menores, porém mais frequentes.
Durante os meses quentes do verão, precisa-se irrigar as plantas de alface todos os dias e quando possível colocá-las em local sombreado.
Se não irrigarmos regularmente as plantas durante essa estação quente, as plantas de alface irão sofrer com o calor e o semeio pode ser um problema (a planta começa a produzir sementes). Isso acontece porque as folhas de alface podem ficar amargas. O semeio é normalmente irreversível e as plantas não podem ser vendidas.
Sistemas de irrigação por gotejamento e outros sistemas, devem ser sistematizados adequadamente.
As inconstâncias na umidade do solo irão diminuir o crescimento da planta. É altamente recomendável irrigar a alface no começo da manhã ou no final da tarde e evitar a irrigação excessiva, o que pode resultar em surtos de doença e o apodrecimento da raiz.
Lembre-se que manter o solo úmido é essencial para cultivar uma alface saudável!
Plantio e Espaçamento do Alface - Taxa de semeio e Distâncias de Plantio
Dependendo da cultivar, a alface pode crescer entre temperaturas de 7-18ºC. Sob certas circunstâncias e manejo especial (usando sombreamento por exemplo), a alface pode crescer até em 29ºC.
Se decidido plantar a alface na primavera ou outono, a localização perfeita é uma área ensolarada. Quando no final do verão, deve ser ao contrário, a alface necessita de proteção suficiente do sol. Isso pode ser feito com sombreamento. Quando o clima começa a ficar mais fresco, nós devemos remover o sombreamento e deixar as mudas receberem a luz do sol que precisam.
Podemos colocar as sementes de nossas plantas diretamente ou transplantá-las. No semeio direto, as sementes podem ser plantadas em fileiras a uma profundidade de 0,6cm. No mais, pode-se fazer o semeio ao espalhar as sementes em uma grande fileira de plantio.
Geadas de primavera e o calor do verão machucam as plantas. Para evitar estes extremos, normalmente começa-se com crescimento das plantas em ambientes internos. Sugere-se aos produtores que normalmente comecem o semeio em ambiente interno antes do início das geadas. Duas semanas após a geada, eles podem transplantá-las para o ar livre.
A planta da alface (muda) é transplanta com seu bloco de terra ligada a ela. Os produtores devem seguir o mesmo procedimento contra o calor do verão. Durante o calor do verão, recomenda-se plantar as sementes da alface em ambiente interno e quando o clima fica mais ameno, transplantam para o ambiente externo.
Para alcançarmos um bom crescimento e maximizar rendimentos, agricultores podem levar em consideração os seguintes fatores.
- Taxa de semeio: 800-1000g de sementes por hectare.
- Número de plantas por hectare: 50.000-60.000 plantas.
- 1 hectare = 2,47 acres = 10.000 metros quadrados.
- Espaço entre as fileiras é de 27-60cm e o espaço entre as plantas nas fileiras é de 18-30cm.
- As sementes de alface são pequenas e requerem uma profundida de 0,6cm.
- Podemos usar o desbaste quando as sementes estiverem germinadas. Devemos continuar o desbaste até que haja espaço suficiente entre as cabeças de alface. É comum deixar pelo menos 18cm entre cada planta, porém isso também depende da cultivar, e suas recomendações de manejo.
- Os produtores podem fazer o semeio de outras plantas entre as fileiras de alface (interplantação), o que podem ajudar em controle de pragas e doenças.
Requisitos de Fertilizantes de Alfaces
- Antes de qualquer aplicação de fertilizante é fundamental fazer uma análise de solo. Não se pode aconselhar sobre adubação sem conhecer o histórico de colheita e os resultados da análise de solo. A alface alcança a maturidade rápido, por isso muitos produtores fazem uma aplicação de fertilizante cerca de 20 dias após o transplante.
- Em geral, a adubação de cobertura acontece três semanas após as plantas serem transplantadas em suas posições finais. Em muitas variedades, deixa-se a alface crescer em altura antes de aplicarem qualquer fertilizante.
- Um fertilizante bem balanceado, consiste em nutrientes essenciais, como nitrogênio (N), potássio (K) e fósforo (P). Normalmente se usa a forma de 10-10-10 (N-P-K) ou misturas de 5-5-5 (N-P-K).
- Podemos aplicar no solo ao redor das plantas de alface. É fundamental que os fertilizantes não entrem em contato com as plantas jovens, pois há risco de queimá-las. Após aplicar os fertilizantes, normalmente a irrigação é obrigatória.
- Outra maneira de promover a fertilização é através da fertirrigação (com fertilizantes hidrossolúveis no sistema de irrigação). Sugere-se que sigamos as instruções do fabricante antes de usar utilizar quaisquer fertilizantes hidrossolúveis.
- Finalmente, podemos aplicar o KNOa uma taxa de 200kg por hectare cerca de 35 dias após o transplante (1 ton. = 1000kg em 1 hectare = 10.000 metros quadrados).
- Produtores orgânicos aplicam adubo orgânico (existem diversas alternativas) para atender o sistema de condução escolhido, desde que estes adubos contenham os nutrientes necessários ao bom desenvolvimento da cultura
Esses são apenas padrões mais comuns que não devem ser seguidos sem fazer sua própria análise de solo, necessidade da cultivar escolhida, sistema de produção, entre outros fatores. Cada campo é diferente e requer diferentes cuidados. Você deve buscar o conselho de um agrônomo licenciado após fazer a análise do solo.
Pragas e doenças do Alface
É importante conhecer as praga e doenças da sua plantação e planejar uma forma ambientalmente consciente de lidar com isso. Você pode consultar um profissional local licenciado para o controle apropriado das pragas e doenças da cultura da alface. As pragas e doenças mais comuns da alface estão listadas abaixo.
Pragas
- Pulgões: Eles são os inimigos mais comuns dos vegetais folhosos. Os adultos e as ninfas se alimentam dos sucos vegetais e atacam o pé, as flores e as folhas.
- Lesmas: Elas adoram mastigar as folhas de alface, algo que resulta em grandes buracos e, consequentemente, produtos que não podem ser vendidos. Caso se reproduzam livremente, eles podem destruir toda a plantação em pouco tempo.
Doenças
- Mofo branco: É uma doença fúngica, também conhecida como esclerotenia. Ela afeta uma grande variedade de espécies de plantas, incluindo a alface. Nós podemos identificar isso ao olhar para os pés. Os pés parecem descoloridos e murchos.
- Fundo podre: É uma doença fúngica que ataca principalmente plantas maduras. Ela é causada pela Rhizoctonia solani.
- Míldio: É uma doença causada pela Bremia lactucae, causando manchas necróticas amarelas em folhas mais velhas.
Controle de Pragas e Doenças
A melhor forma de controlar pestes e doenças é a prevenção ao invés de apenas intervenção quando o problema já está instalado. Deve-se levar em consideração algumas medidas:
- O uso de sementes e mudas certificadas é essencial, para que não venham já com as pragas e doenças.
- O uso de variedades resistentes a doenças pode prevenir surtos das mesmas.
- O uso de controle biológico, manejo já consagrado e com portfólio amplo para a cultura da alface e suas pragas e doenças.
- Usar coberturas de fileiras para proteger as plantas de alface de ataques de pragas.
- As redes podem usadas para proteger a cultura de várias pragas.
- Evitar a aplicação excessiva de fertilizantes.
- Os métodos de controle de ervas daninhas bem feito e a rotação de cultura ajudam a proteger do ataque de algumas pragas e doenças.
- Medidas de controle químico devem e podem ser feitos, como qualquer outro tipo de controle com respeito as indicações dos fabricantes e suas bulas, e sempre com consulta a um engenheiro agrônomo.
Colheita de Alface
De forma geral, pode levar 65 a 130 dias do semeio da alface até a colheita (dependendo da cultivar). Na maioria dos casos, as alfaces podem ser colhidas entre 30 a 70 dias após o transplante.
O tempo apropriado de colheita das plantas não depende apenas das diferentes cultivares, mas também das condições locais (tempo, distâncias entre as plantas, peso preferido para venda, fertilização etc.).
Coisas importantes sobre a Colheita de Alface:
- Evitar a colheita de plantas muito maduras. Suas folhas possuem um gosto amargo, então prefira colhê-las quando elas ainda estiverem jovens, antes da maturidade.
- A folha de alface pode ser colhida ao remover suas folhas mais externas. Portanto, as folhas internas (próximas ao centro da planta) podem continuar a crescer.
- Deve-se checar regularmente o plantio para ver as plantas que estão prontas para colheita.
- O horário ideal para colher a alface é pela manhã antes do sol nascer. De acordo com alguns produtores de alface, essa hora do dia é perfeita por conta de as plantas de alface não estarem expostas à luz solar intensa.
- Após a colheita, os produtores guardam a alface em um lugar refrigerado, mas não congelante.
Rendimento do Alface por Hectare
O rendimento médio da alface é de 20 a 40 toneladas por hectare. Produtores bem estruturados de alface localizados em áreas com climas apropriados podem colher 20-40 toneladas por hectare multiplicado por 2-4 colheitas por ano.
Referências
- COSTA, C. P.; SALA, F. C. A evolução da alfacicultura brasileira. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 23, n. 1, 2005.
- HENZ, G. P.; SUINAGA, F. A.Tipos de alface cultivados no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2009.
Henrique Servolo
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia e Doutor em Engenharia florestal, todos pela Esalq/USP.
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