Descubra os 9 melhores tipos de capim para alimentar seu gado

gado comendo capim

Uma dúvida muito frequente entre pecuaristas quando se aproxima a época do plantio para a formação de pasto em sua fazenda é: qual o melhor capim a ser plantado para o gado em sistemas à pasto?!

Embora, primeiramente seja necessário escolher a espécie da forrageira a ser plantada, é necessário que alguns fatores sejam levados consideração para que se tenha sucesso na escolha do capim.

Sabe-se que um bom manejo nutricional na bovinocultura é essencial para que a produção tenha resultados satisfatórios, afinal, um boi que pasteja de forma adequada torna-se saudável e adquiri as proteínas, fibras e energia necessárias para sua manutenção.

Portanto, tanto no gado de corte quanto no gado leiteiro, para que o animal consiga expressar todo o seu potencial genético na produção, é necessário entender que uma nutrição de qualidade é a base fundamental para o animal produzir mais, com qualidade e eficiência absoluta, com isso, a pastagem torna-se a maneira mais barata de se produzir carne ou leite.

No entanto, o melhor tipo de capim vai ser aquele que seja ideal para a sua propriedade dentro das condições onde seja possível:

  • Adaptação do capim às condições climáticas, ou seja, se a propriedade encontra-se no sudeste, centro-oeste ou norte o ideal é apostar no plantio de gramíneas resistentes a umidades e a temperaturas mais elevadas. Já propriedades que encontram-se no nordeste do país, devem apostar em espéciesresistentes a secas, enquanto no sul, que suportem frio e geadas;

  • Avaliar as características do solo, realizando análise e adubação caso seja necessário, pois não há crescimento adequado do capim (ainda que o mesmo seja a melhor espécie para aquela região) se o solo não fornecer o aporte necessário para isso;

  • Objetivo do pecuarista no plantio do capim, se a sua utilização é para produção de silagem, pastejo, fenação ou vedação escalonada e qual o tipo se criação: Cria, recria ou engorda;

  • Escolher o capim que o boi prefere comer. As forrageiras com características que apresentam muitas folhas e poucos colmos são normalmente de alta digestibilidade e palatabilidade, o que confere uma preferência maior dos bovinos em se alimentar por essas forragens.

O mercado rural através desse artigo tem o objetivo de esclarecer as dúvidas acerca dos tipos de capins para o gado à pasto, qual a diferença entre eles, quais as suas características e por fim, trazemos um tópico sobre adubação do solo e controle de pragas para capim.

Quais as diferenças entre os tipos de capins?

Existem três grandes grupos onde várias espécies de gramíneas são inseridas e isso vai de acordo com suas características, assim como sua capacidade de adaptação e produção.

Grupo Colonião - gênero Panicum

capim panicum

Dentro deste grupo, encontramos gramíneas do gênero Panicum e listamos abaixo as espécies e cultivares mais utilizadas no país:

  • capim-mombaça;

  • capim-massai;

  • capim-tanzânia;

  • BRS Zuri;

  • BRS Quênia.

Essas forragens apresentam um grande valor nutricional e alta produtividade. São bastante palatáveis para o boi já que apresentam numerosas folhas e poucos colmos.

Ou seja, embora seja uma gramínea que o animal goste de comer, essas espécies somente apresentam grande capacidade de produção e um alto valor nutritivo em solos com alta fertilidade.

A média de produção varia entre as estações de chuva ou seca, sendo necessário que o pecuarista tenha atenção maior sobre a carga animal dentro desses períodos.

Também não são recomendadas para áreas de pastagem em regiões muito íngremes.

Segue abaixo alguns tipos de cultivares desse grupo e suas principais características:

Cultivar Mombaça (Panicum Maximum)

cultivar mombaça

  • Alta exigência em fertilidade de solo;

  • Resistência média a cigarrinha;

  • Grande produtor de matéria seca foliar;

  • Recomendado pela EMBRAPA o uso de adubação fosfatada para esse cultivar;

  • Altura ideal do capim Mombaça para inserção dos animais no piquete: entre 85cm a 90cm e retirada dos animais quando estiver com 40 a 50cm de altura.

  • Pode ser utilização para silagem, mas não é recomendado o seu uso para fenação.

Cultivares BRS Zuri e BRS Quênia

  • Alta exigência em fertilidade do solo;

  • Boa resistência a cigarrinhas;

  • Se desenvolvem bem em solos encharcados;

  • 10% de produtividade a mais, comparado com o capim Mombaça;

  • O capim Quênia tem porte menor e florescimento precoce, comparado ao capim Zuri.

Cultivar Tanzânia

cultivar tanzânia

  • Exigente em fertilidade de solo;

  • Boa capacidade de rebrota;

  • Média tolerância à clima seco e ao frio;

  • Ótimo para fenação;

  • Resistência média a cigarrinhas;

  • Não se desenvolve bem em solos encharcados.

Grupo Braquiária

Braquiária

Com mais de 90 tipos de cultivares, esse é o grupo com as espécies de gramíneas mais utilizadas no Brasil desde a década de 90. Nos dias atuais, a braquiária representa 80% das pastagens do país, principalmente liderada pelo cultivar Marandu.

Listamos abaixo algumas das espécies mais cultivadas:

  • Brachiaria decumbens
  • Brachiaria brizantha cultivar Marandu (Braquião);
  • Brachiaria ruziziensis;
  • Brachiaria humudícola.

A popularidade do grupo das Braquiárias ocorre devido a característica de flexibilidade desse capim, que consegue se adaptar à variações climáticas e não são tão exigentes quanto a fertilidade do solo (como ocorre com as espécies do grupo Colonião, por exemplo) além de serem muito tolerantes a baixas temperaturas e ao clima seco.

Também é um capim que o boi gosta de comer, ou seja, tem ótima palatabilidade e são muito nutritivas.

Apresenta uma alta capacidade de rebrota, alta taxa de cobertura, podendo ser utilizada em regiões montanhosas.

Confira abaixo algumas espécies de Braquiárias e suas principais características:

  • Brachiaria decumbens

Brachiaria decumbens

  • Pouco exigente em fertilidade de solo;

  • Ótima para solos arenosos;

  • Muito utilizada no cerrado e em solos ácidos;

  • Baixa resistência a cigarrinhas;

  • Quando comparado a B. brizantha (cultivar Marandu) com relação a produção de matéria verde e folha, apresenta uma porcentagem menor de produção, durante o manejo contínuo das águas;

  • Recomenda-se os primeiros pastejos depois de 90 dias;

  • Ideal para sistema de cria, recria e engorda;

  • Boa adaptabilidade em solos encharcados e geadas.

  • Brachiaria humidícola (capim agulha) (cultivar BRS Tupi)

  • Exigência baixa para fertilidade do solo;

  • Boa adaptação em áreas úmidas, por isso são muito utilizadas no Pantanal e no Norte do país;

  • Boa tolerância à seca;

  • Produção bem distribuída ao longo do ano e boa propagação;

  • Florescimento precoce;

  • Folhas longas e estreitas.

  • Brachiaria brizantha (cultivar Marandu) (braquiarão) (brizantão)

  • Exigência de baixa a média de fertilidade do solo;

  • Apresenta uma boa produtividade de matéria seca;

  • Alto índice nutricional;

  • Boa resistência a cigarrinhas;

  • Não tolerante a solos encharcados;

  • Possui cultivares híbridas produzidas pela Embrapa, muito adaptáveis e produtivas, que são: BRS Piatã BRS Paiaguás, recomendada para secas; BRS Ipyporã, ótima opção para recria.

  • Brachiaria ruziziensis

  • Exigência média/alta de fertilidade do solo;

  • Apresenta média resistência a clima frio e a regiões de seca;

  • Baixa adaptabilidade a umidade;

  • Alto valor nutricional;

  • Recomendada para animais de recria e engorda;

  • Indicada para fenação;

  • Baixa resistência a pragas;

  • Baixa capacidade de rebrota;

  • Apresenta uma boa germinação.

Caso queira aprender também sobre as possibilidades de irrigação para o capim, temos um artigo dedicado só a isso em nosso blog.

Grupo Tiftons

Grupo Tiftons

Outro grande grupo conhecido de forrageira são os Tiftons, eles apresentam as maiores taxas de produtividade quando comparados aos coloniões.

São representados pelo gênero Cynodon (também conhecidos por grama-bermuda ou capim-estrela) e se adaptam muito bem a elevadas temperaturas, embora são de fácil adaptabilidade às geadas.

Confira abaixo algumas espécies e cultivares:

  • Cynodon nlemfuensis;
  • Cynodon dactylon;
  • Cynodon nlemfuensis;
  • Tifton 68;
  • Tifton 85.

Contudo, são bastante exigentes com relação à fertilidade do solo. Não são resistentes a solos encharcados, portanto, não se adaptam a regiões alagadas, como a região do Pantanal. Uma particular característica desse gênero é que seu plantio é feito através de mudas.

Em seguida, falaremos um pouco sobre outras espécies de capins que também são bastante utilizados no Brasil e suas características principais:

Capim Meloso (Melinis minutiflora)

Capim Meloso

Também conhecido como: Capim-gordura; Capim-melado; Capim-catingueiro; Capim-catingudo; Capim-de-cheiro.

  • Apresenta baixa exigência em fertilidade do solo;

  • É um capim perene e cespitoso;

  • Boa resistência a pragas;

  • Não se adapta a geadas nem secas;

  • Recomendado para regiões montanhosas;

  • Plantio realizado através de sementes e apresenta boa germinação;

  • Bom valor nutritivo e palatabilidade;

Uma característica muito interesse do capim-gordura é que ele apresenta um efeito repelente, através da liberação de um óleo por glândulas presentes em suas folhas, esse óleo tem um ótimo efeito sobre o carrapato do boi.

Capim Jaraguá (Hypharrenia rufa (Nees) stapf)

  • Apresenta o ciclo vegetativo perene;

  • Eventualmente utilizado para produção de feno, pode ser utilizado para silagem porém, apresentará baixa qualidade;

  • Satisfatória digestibilidade e palatibilidade;

  • Recomendado o início do período de ocupação quando o capim chegar de 60 a 70cm e seu término com 30cm.

Capim Pangola (Digitaria decumbens)

  • Baixa exigência para fertilidade do solo;

  • Gramínea perene e rasteira com folhas finas e tenras;

  • Apresenta alto valor nutritivo e chega a medir 80cm de altura;

  • Boa palatabilidade e digestibilidade para o animal;

  • Não se adaptam a invernos rigorosos e a secas e solos encharcados;

  • Recomendada para fenação;

  • Pouco resistente a pisoteios quando comparada a outras espécies.

Capim Miyagui (Panicum Maximum)

  • Esse capim é um cultivar do gênero Panicum, muito parecido com o capim Mombaça;

  • Exigência média a alta de fertilidade do solo;

  • Podem chegar até 2,50m de altura;

  • Alta produção de forragem;

  • Folhas largas e compridas;

  • Elevada produção de sementes;

  • Alta digestibilidade e palatabilidade;

  • Recomendado o uso para produção se silagem;

  • Não se adapta a solos úmidos e ao frio e apresenta média tolerância à seca.

Capim BRS Capiaçu (Capim-Elefante)

  • Alta exigência para fertilidade de solo;

  • Excelente alternativa para suplementação de volumoso;

  • Alto potencial de produção e valor nutricional;

  • Recomendado a utilização como silagem ou picado verde;

  • Porte alto com folhas largas e compridas.

Capim BRS Kurumi (Capim-Elefante)

  • Assim como o capim Capiaçu, o capim Kurumi é um cultivar do capim elefante, desenvolvido pelo melhoramento genético da Embrapa;

  • Apresenta porte baixo (anão);

  • Extremamente exigente em fertilidade do solo;

  • Suscetível a ataques de cigarrinha;

  • Alta produção de forragem;

  • Ótima para animais de pastejo por apresentarem um pequeno alongamento de colmo e elevada proporção de folhas, além de que essas características facilita o manejo de pasto.

  • Excelente valor nutritivo, com elevado teor proteico.

Adubação e controle de pragas de Capim

Adubação

Realizar uma adubação adequada, por inúmeras vezes, torna-se necessário para o sucesso do plantio da gramínea que será manejada.

Deve-se realizar, primeiramente, uma análise do solo através de um profissional qualificado e corrigi-lo caso seja necessário.

Em casos onde o solo apresenta-se ácido, é necessário corrigir com calcário, realizando a calagem 90 dias antes do plantio e da adubação fosfatada.

Com relação a adubação fosfatada, recomenda-se que seja realizada junto a semeadura. Já para corrigir nitrogênio, parte de sua adubação deve ser feita na semeadura e a outra parte quando a pastagem cobrir de 60 a 70% de área.

Lembrando que o nitrogênio é o principal nutriente do solo para que o capim alcance uma boa produção.

Um nutriente que também contribui para o crescimento da forragem é o potássio, que deve ser corrigido quando houver necessidade.

Controle das principais pragas de capim

Cupim

Muito comum em várias regiões do Brasil, os cupins causam prejuízos a qualquer sistema de produção.

Os cupinzeiros são grandes e ocupam lugar dentro do pasto, além de atrapalhar a locomoção dos animais e desvalorizam a propriedade.

Para controlar essa praga, utiliza-se inseticida líquido dentro do cupinzeiro através do auxílio de mangueira e barra de ferro, até uma profundidade que seja possível alcançar a rainha.

Cigarrinhas de pastagem

Esse inseto ataca a pastagem na época de maior umidade, provocando o amarelecimento das folhas através de toxinas liberadas, levando a morte da planta.

São capazes de reduzir a produção de massa verde em até 15% o que leva a grandes prejuízos na produção.

Através de ajuda de um profissional capacitado, torna-se necessário reduzir a população de adultos nos focos de infestação na primeira geração, com inseticida ou a utilização de fungos entomopatogênico sobre as ninfas.

Outra opção é utilizar plantas mais resistentes a essa praga no momento do plantio, prevenindo assim o pasto.

Formigas cortadeiras

Também conhecidas como "saúvas", elas cortam a pastagem e destroem o pasto, tendo a capacidade de 10 formigueiros cortarem cerca de 21 kg de pastagem.

Uma estratégia par a combatê-las é na utilização de armadilha feita com pedaços de pão e gergelim preto, pois o gergelim é tóxico para os fungos de alimentação das formigas, sendo assim, a formiga levará a isca de pão com gergelim para dentro do formigueiro, ingerindo o fungocontaminado ou ingerindo a seiva.

Pode ser utilizado também formicidas apropriados para o controle desta praga.

Referências

OLIVEIRA, E. M. P.; BLUMENSCHEIN, A. Distribuicao geografica e taxonomia do capim gordura (Melinis minutiflora Beauv.). 1974. Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1974.

Author Photo

Luisa Duarte Rabello

Médica Veterinária formada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. CRMV/RJ 17985.

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