Pecuária intensiva e extensiva

O Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, e somos os maiores exportadores (mesmo estando atrás do Estados Unidos na produção).

Todo pecuarista deve ter um conhecimento prévio do tipo de produção que aplicará naquela propriedade, raça do plantel, tecnologias que serão utilizadas, tipo de vegetação e muitos outros itens, afinal diversos fatores interferem na escolha do sistema produtivo.

O sistema de produção intensiva possui diversas características que diferem do sistema produtivo semi-intensivo e extensivo. E ao longo desse artigo vamos te explicar os detalhes, vantagens e desvantagens de cada um desses diferentes sistemas!

Diferença entre pecuária intensiva e pecuária extensiva

As principais diferenças entre os dois tipos de produção, está na área que será utilizada para criação dos animais e dos tipos de tecnologia utilizadas.

Na pecuária intensiva é possível monitorar os animais de forma mais rígida que a extensiva, já que ficam confinados em áreas menores, o que tende a melhorar os índices de produtividade. Por ser uma produção que utiliza diferentes tipos de biotecnologias, a mão de obra deve ser especializada e capacitada para lidar com esse tipo de trabalho, o que gera maior custo. Também é muito comum encontrar propriedades no Brasil que utilizam o método intensivo de produção voltado para criação de gado leiteiro.

Já a pecuária extensiva é comumente utilizada para a produção de gado de corte, onde utiliza-se uma área maior, onde o gado fica em liberdade e não há necessidade de uma mão de obra tão especializada, já que o monitoramento desses animais é um pouco mais difícil e os animais retiram o alimento do pasto da área em que se encontram. Ou seja, a pecuária extensiva é aquela em que criamos animais soltos no pasto!

Pecuária semi-intensiva, o que é?

Nos sistemas de produção utilizados no Brasil e no mundo, podemos destacar também a utilização da pecuária semi-intensiva.

Na prática pode-se dizer que é uma mistura entre as produções extensiva e intensiva, onde apesar do gado ser criado em liberdade, podemos observar e destacar alguns cuidados como a seleção genética e aprimoramento do rebanho e monitoramento nutricional dos animais nas etapas da cadeia. Esse tipo de produção é muito utilizado para produtores que estão iniciando a criação produção de gado leiteiro, já que em algumas vezes a vaca recebe alimentação no estabulo no momento da ordenha.

A maior característica da produção semi-intensiva é que os animais são criados a pasto, mas recebem suplementação quando o pasto está na época de menor crescimento e em alguns casos o ano todo, quando o pasto não atende totalmente as necessidades nutricionais do plantel em si.

A maior vantagem desse tipo de produção é que, mesmo com a suplementação adicional, as instalações necessárias para fazer isso acontecer continuarão sendo simples.

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Pecuária intensiva, o que é?

É o tipo de produção que visa criar os animais utilizando uma área menor, sempre fazendo uso de diferentes tecnologias, desde o uso de maquinário para manutenção, até a reprodução de animais com o uso de inseminação artificial (IA), diferentes tipos de insumos, etc.

Para potencializar a produção, utiliza-se estratégias nutricionais, reprodutivas e clínicas juntamente com métodos de cultivo para o melhor tipo de forrageira, conforme as necessidades desse plantel.

As principais vantagens desse tipo de produção são os índices produtivos elevados alcançados devido as técnicas de nutrição aplicadas. Porém os custos são elevados e para se ter lucro nesse tipo de sistema produtivo é necessário ter um ótimo controle de custos.

Para um bom desenvolvimento do animal e consequentemente do plantel, deve-se oferecer um volumoso de qualidade e ração industrial que atenda todas as necessidades nutricionais, fazendo com que o animal ganhe peso de uma forma que a carcaça tenha um bom rendimento no período de terminação.

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Por utilizar menos espaço, a pecuária intensa necessita de menos mão de obra do que a produção extensiva, embora tipo de mão de obra deve ser mais especializada. Na prática, ter uma mão de obra qualificada e especializada acaba demandando um maior gasto. Outra técnica muito utilizada nesse tipo de produção é a manipulação genética, o que desenvolve melhorias para os bovinos, como por exemplo:

  • Maior resistência a doenças;
  • Ganho de peso rápido;
  • Metabolização e biotransformação do alimento em gordura e carne;
  • Carne mais macia.

No Brasil, a raça mais utilizada é a Nelore, que tem sido protagonista de inúmeras pesquisas sobre melhorias genéticas. A inseminação artificial é uma técnica muito utilizada para manter a procriação de animais de boa genética, já que esse método permite que se utilize o melhor sêmen em diversas vacas sem o contato direto dos animais, evitando possíveis doenças infectocontagiosas e permitindo que essa genética de qualidade se perpetue até mesmo depois da morte desse touro.

Vantagens da pecuária intensiva

Devemos sempre pontuar que tanto a produção intensiva quanto a produção extensiva, têm suas vantagens e desvantagens, e a sua escolha será feita conforme a necessidade e experiência do produtor.

As vantagens da pecuária intensiva são:

  • Fácil controle da nutrição e suplementação do gado;
  • Manipulação de alta carga genética do plantel;
  • Possibilidade de aplicação de práticas sustentáveis na produção.

Desvantagens da pecuária intensiva

Toda produção é uma ‘via de mão dupla’ trazendo prós e contras para o produtor. Infelizmente a produção intensiva tem desvantagens como:

  • Maior custo de mão de obra devido especialização das técnicas e biotecnologias utilizadas;
  • Maior tecnologia e profissionalização da fazenda, ou seja, o local deve utilizar da tecnologia para ter um maior e melhor controle do rebanho, gerando consequentemente maior gasto;
  • Alto custo na suplementação do rebanho;
  • Alto custo da infraestrutura;

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Pecuária extensiva

Diferente da pecuária intensiva, o sistema extensivo de produção é mais utilizado para a criação de gado de corte, onde se utiliza uma área maior já que os animais ficam em liberdade.

A maior parte do rebanho brasileiro criado a pasto são compostos por animais da raça Nelore, que é a mais popular no país devido diversas características como boa habilidade materna, maior resistência a doenças e ectoparasitas, rápido ganho de peso, dentre outras.

No Brasil, a maior parte dos produtores utilizam desse tipo de criação, já que o investimento é menor e o animal retira a maioria dos nutrientes necessários daquele local, deixando assim a produção mais barata, apesar de haver reposição de sais minerais quando necessário através de suplementação.

Como a produção anterior, a criação extensiva tem suas vantagens e desvantagens para o produtor. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo, então em torno de 90% do seu tipo de produção é realizada de forma extensiva.

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Vantagens da pecuária extensiva

  • Baixo investimento, já que os animais retiram os nutrientes necessários do pasto na área que estão;
  • Não é necessária mão de obra especializada, o que diminui o custo.

Desvantagens da pecuária extensiva

  • Maior necessidade de mão de obra (não necessariamente especializada, mas em quantidade), já que o gado fica em liberdade, há um maior trabalho para a gestão e controle do gado;
  • Na maioria das vezes há necessidade de suplementação do plantel, já que os animais retiram os nutrientes do pasto, que nem sempre está em boa qualidade e/ou quantidade suficiente para atender as necessidades nutricionais desses animais;
  • Infelizmente, uma das maiores desvantagens desse tipo de produção é a degradação do ambiente, já que em maior parte das vezes essa produção esta intimamente ligada com o tamanho da área utilizada e não necessariamente com a potencialização de resultados, já que o gado fica solto, sem muito monitoramento e consequentemente poupando gastos.

Portanto, como dito anteriormente, os três tipos de produção trazem vantagens e desvantagens para o produtor. Então é preciso escolher conforme sua experiencia, necessidade e expectativas em relação ao tipo de produção pretendida.

Referências

Fonte 1

Fonte 2

Fonte 3

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Luciana de Toledo (@lutoledovet)

Luciana de Toledo Rodrigues é Médica Veterinária formada pela Universidade Anhembi Morumbi.

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