Calagem do solo: o que é, como fazer e quais os benefícios

cal1.jpg

O que é calagem

Podemos considerar que a calagem é a adição de algum material capaz de liberar OH - ao solo, com o intuito de elevar seu pH para valores considerados adequados agronomicamente.

Existem diversos corretivos de acidez disponíveis, como a cal virgem, a cal hidratada, porém, usualmente, a calagem é realizada com calcário dolomítico (MgCO3) ou calcítico (CaCO3).

Ao incorporar esses materiais no solo, realizando a calagem, são liberadas OH - quando em contato com água.

Essas OH - são atraídas pelo H+ e formam água, neutralizando a acidez ativa do solo.

Além disso, como o H+ pode ser adsorvido pelos coloides do solo, ao ser neutralizado, aumentam-se os sítios de adsorção de nutrientes como o K+, o Ca+2 e o Mg+2.

Com a liberação das OH - na solução do solo, o Al+3 solúvel e tóxico às plantas se precipita, formando hidróxido de alumínio e deixando de ser problema aos cultivos.

Por isso, de maneira geral, podemos dizer que o aumento do pH do solo, principal benefício da calagem, promove o aumento da disponibilidade de nutrientes na solução do solo e reduz a disponibilidade do alumínio tóxico, como ilustrado no gráfico abaixo:

cal2.jpg

Fonte

Como podemos ver, a única exceção são nutrientes metálicos (ferro, cobre, manganês e zinco), que possuem sua disponibilidade reduzida com o aumento do pH do solo, motivo pelo qual doses muito elevadas de calcário, sem incorporação, podem induzir a deficiência destes nutrientes metálicos.

Existem padrões mínimos de qualidade que os corretivos de acidez devem apresentar de acordo com a legislação brasileira.

O calcário calcítico e o dolomítico são fontes de Ca e Mg, diferindo entre si principalmente pela quantidade magnésio presente no calcário.

Enquanto o calcário calcítico apresenta menos de 5% de MgO, o calcário dolomítico deve possuir mais de 12% de MgO.

Desta forma, se o laudo de análise do solo apontar deficiência de um desses nutrientes, devemos escolher o tipo de calcário em função disso.

Ou seja, se no resultado da análise química do solo o teor de magnésio está abaixo de 0,5 cmolc dm-3 (ou 5 mmolc dm-3), faz-se necessário a escolha do calcário com maior teor de magnésio (dolomítico).

Em relação ao pH do solo, os valores considerados como adequados são variáveis, porém, a maioria das culturas se desenvolvem adequadamente em valores de pH entre 5,5 e 6,5.

Nessa faixa de pH os macros e micronutrientes ficam solúveis e disponíveis para absorção pelas plantas, enquanto elementos possivelmente tóxicos, como o Al+3, encontram-se em formas não assimiláveis.

cal3.jpg

Por que é necessária a calagem do solo

Quase todos os solos brasileiros são ácidos, o que prejudica ou mesmo impede o desenvolvimento de qualquer cultura comercial. A principal função do calcário agrícola é corrigir esta acidez e fornecer dois importantes nutrientes, o cálcio e o magnésio.

O Calcário agrícola é um produto natural, originário da fina moagem de rochas sedimentares, tradicionalmente utilizadas na agricultura como corretivo da acidez do solo. Sua composição básica são os Carbonatos de Cálcio (CaCO2) e Carbonatos de Magnésio (MgCO2). Possui umidade natural, facilitando uma aplicação homogênea do produto, com baixa deriva, elevado rendimento operacional no campo, e sem a necessidade do uso de equipamentos especiais.

A sua granulometria variada proporciona resultados no solo que atendem às necessidades da planta no prazo desejado, além de conferir um efeito residual mais prolongado. Essa característica vai resultar em reaplicações menos frequentes, com menor custo operacional no médio e longo prazo.

Sendo a calagem recomendada para culturas anuais, implantação de culturas semi-perenes e perenes, plantio direto e pastagens.

A tabela abaixo ilustra bem porque a acidez do solo deve ser corrigida. Tomando-se os principais fertilizantes da qualquer fórmula NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) em solos com o pH 5,0 por exemplo, realizando a adubação, sem previamente se fazer a calagem, o agricultor estará jogando fora metade do Nitrogênio, 68% do Fósforo e 65% do Potássio. Como estes os fertilizantes são bem mais caros que o calcário, e a planta não vai responder, compensaria diminuir a dose de fertilizante e corrigir o solo com calcário.

calralho.png

Fonte: EMBRAPA

Quais os benefícios da calagem

Com a aplicação correta do calcário agrícola no solo, as vantagens para as culturas são:

  • Diminui o efeito tóxico do Alumínio (Al);
  • Diminui a fixação do Fósforo (P);
  • Aumenta a disponibilidade do Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S) e Molibdênio (Mo) no solo;
  • Aumenta a eficiência dos fertilizantes evitando seu desperdício;
  • O Cálcio fornecido pelo calcário entra na formação das células das plantas aumentando a resistência dos tecidos as agressões externas como pragas;
  • O Magnésio, presente no calcário, entra na formação da clorofila e é importantíssimo para o acúmulo de açúcar pelas plantas e aumento da resistência a altas temperaturas.
  • Aumenta a atividade microbiana e a liberação de nutrientes pela decomposição da matéria orgânica;
  • Melhora as propriedades físicas do solo, proporcionando melhor aeração e circulação de água;
  • Aumenta o desenvolvimento radicular, que faz com que as plantas aproveitem os nutrientes de um volume maior de solo e as torna mais resistentes a falta de chuvas.
  • Consequentemente aumenta a produtividade das culturas pelo resultado de um ou mais benefícios citados acima.

Mitos e verdades sobre o calcário

MitoVerdadeExplicação
Calcário de PRNT maior reage mais rápido.Calcários de qualquer PRNT reagem no mesmo tempo, desde que se respeite a equivalência das doses.O PRNT (Poder real de neutralização total) é um indicador que define o quanto do calcário reage em três meses. Como o cálculo da necessidade de calagem leva em consideração este índice, todos os calcários terão seus efeitos máximos em até 3 meses.
Calcário de PRNT maior é melhorPRNT não é um indicador de qualidade e sim um indicador de reatividade.Os calcários Embracal tem um gradiente granulométrico ideal, que permite uma distribuição uniforme com baixos índices de deriva, e um efeito residual excelente que prolonga os efeitos da calagem.
Calcário moído mais grosso é piorCalcários moídos mais grosso proporcionam uma aplicação mais eficaz.A deriva pelo vento pode causar perdas de mais de 20% do calcário aplicado, além disto, calcários mais grossos, desde que as partículas maiores não sejam superiores a peneira 10 (ABNT), tem efeito residual maior.
Ficou tarde para fazer a calagem é melhor não fazerA calagem deve ser feita, se possível, com antecedência de três meses do plantio. Caso não seja possível deve ser feita a qualquer tempo.Os três meses são importantes para que o calcário atinja seu efeito máximo. O calcário começa a reagir e trazer efeitos positivos imediatamente após sua aplicação, desde que tenha a presença de umidade.
Em anos ruins é melhor cortar a calagem e manter a adubaçãoA forma mais correta de determinar a necessidade de calcário ou fertilizante é através análise de solo, tendo em vista que fazer adubação em solos ácidos é um desperdício.Os nutrientes mais importantes ficam indisponíveis para as plantas em solos ácidos, portanto é mais importante garantir um solo corrigido em termos de Ph, pois pelo menos garante a disponibilidade dos nutrientes existentes. Além disto a calagem aumenta o desenvolvimento radicular que permitirá com que as raízes explorem um volume maior do solo.
Plantio direto precisa de menos calcárioA pesquisa demonstrou que a recomendação ideal para o plantio direto deve ser igual a do plantio convencional.Considerar para calagem em plantio direto apenas a camada de 5 cm de solo faz com que se corrija apenas a superfície do solo e torne as plantas suscetíveis aos veranicos.
O Gesso substitui o calcárioO gesso não corrigi a acides do solo e tem pouquíssimo magnésio, portanto ele não substitui o calcário.O Gesso tem a função de precipitar o alumínio e fornecer o Ca em profundidades que o calcário não atinge.
A única função do calcário é a correção da acidez do solo.A correção do solo é a principal função do calcário, mas ele também é a fonte mais barata de dois importantes nutrientes, o Cálcio e o MagnésioO Cálcio é um macronutriente importante para a formação dos caules, aumentando a produção de matéria seca e a resistência ao acamamento e o Magnésio é importantíssimo para a produção e acúmulo de açúcar e também aumenta a resistência das plantas ao calor.
Calcário somente deve ser aplicado antes do plantioA melhor hora de se aplicar calcário é no plantio devendo ser incorporado no solo, mas também deve ser utilizado em plantas adultas para fornecimento de Cálcio e Magnésio.O calcário aplicado em cobertura na soqueira da cana ou em culturas perenes é uma barata e importante fonte de Cálcio e Magnésio, nutrientes essenciais ao desenvolvimento e produção das plantas.
O único critério para escolha do tipo de calcário é o preço do produtoO melhor critério de compra de calcário é o que leva em conta o preço do calcário, preço do frete, PRNT, efeito residual e deriva.O preço do calcário é definido pelo custo da extração. Calcário de origem sedimentar tem custos de extração maiores e são mais caros, porém por conta do frete, efeito residual e menor deriva podem ser uma melhor opção.
O calcário é higroscópico, sendo que seu uso tira água do solo e pode "queimar" ou secar as raízes.O calcário não é higroscópico, sendo que a calagem protege a planta dos veranicos.A calagem proporciona um melhor desenvolvimento radicular, que por sua vez permite com que a planta aproveite melhor a água existente no solo.
Pastagens, cana-de-açúcar e outras gramíneas são resistentes a solos ácidos e não precisam de calagem.Todas as culturas comerciais somente obtêm seu potencial máximo e/ou econômico de produção através da calagem.Os solos brasileiros são ácidos por natureza. A acides indisponibiliza nutrientes importantes. A produção das plantas é limitada pela quantidade dos nutrientes indisponíveis. A única forma de atingir o máximo de produção para qualquer cultura é fornecendo os nutrientes requeridos pelas plantas em um solo corrigido.
A extração de calcário é danosa ao meio ambiente.A mineração de calcário somente é permitida com a obtenção das licenças de operação da Cetesb, onde se determinam a forma de extração e recuperação das áreas afetadas.Além disto a calagem proporciona a correção de uma área muito maior. Áreas corrigidas ficam muito mais protegidas contra efeitos da erosão. Além disto o aumento da produção permite o melhor aproveitamento das áreas e evita o desmatamento desnecessário.

Fonte

Como fazer a calagem

A realização da calagem, procedimento estratégico para o plantio, deve ser realizado com muito critério técnico, apenas quando realmente for necessário.

Nesse sentido, algumas etapas anteriores devem ser executadas até a aplicação efetiva do produto no solo.

Assim, o primeiro passo é ter um planejamento, pois a calagem é um procedimento que deve ser realizado cerca de 2 meses antes do plantio.

Etapas importantes:

  • Amostragem do solo. A coleta de amostras de solo para análise é feita em duas etapas:

1ª etapa: logo após a colheita de verão;

2ª etapa: pouco antes do preparo de solo para culturas anuais e após o fim das chuvas para culturas perenes.

  • Encaminhamento para o laboratório

  • Definição do tipo e da dose de calcário

A partir do resultado da análise, será possível identificar qual tipo de calcário será necessário utilizar e a quantidade adequada (nessa etapa é realizado o cálculo de calagem).

Aquisição do Produto

Para saber se o custo de um calcário e seu transporte valem a pena deve-se calcular o custo total do calcário colocado na propriedade (que inclui o frete) em reais. Depois, dividir esse valor pelo PRNT do calcário e multiplique o resultado por 100.

Por fim, utilize essa fórmula em várias opções de calcário com diferentes custos de transporte. Aquele com menor valor é o que deve ser adquirido.

Então, com o tipo de calcário definido, é o momento de pesquisar fornecedores e considerar valores com transporte, caso não haja produto perto da região.

Uma das formas de se classificar o calcário é pelo seu poder relativo de neutralização total (PRNT).

Assim, em geral os valores são distribuídos conforme os dados a seguir em função do tipo de calcário e seu PRNT. Os tipos são:

A: PRNT de 45% a 60%

B: PRNT de 60,1% a 75%

C: PRNT de 75,1% a 90%

D: PRNT acima de 90%

Como a reação do calcário no solo é demorada e depende da disponibilidade de água, a sua aplicação deve ser realizada com, pelo menos, 2 meses de antecedência do plantio, antes do início do período das chuvas.

O tipo de calcário (calcítico, dolomítico ou magnesiano) não altera a eficiência da calagem com relação à correção da acidez.

Essa característica é definida pelo Poder Residual de Neutralização Total (PRNT), ou seja, quanto maior o PRNT do calcário, mais rápida é a reação no solo.

Entretanto, como o calcário é a fonte mais barata de Mg, é aconselhável o uso de calcário dolomítico ou magnesiano.

Tipos de calcário para calagem

A classificação do calcário se dá pela sua composição química, principalmente pelos teores de óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO). Com base nos teores desses compostos químicos, o calcário pode ser:

Calcíticos: contém maior concentração de carbono de cálcio (CaCO3) e baixo teor de carbonato de magnésio (MgCO3), abaixo de 10%. Todavia, ele é indicado especialmente para solos carentes de cálcio.

Dolomíticos: dispõe de um teor de MgCO3 acima de 25%. Sendo assim, é recomendado para o reparo do solo com deficiência em cálcio e magnésio.

Magnesianos: possui de 10% a 25% de MgCO3, por isso é apropriado para solos com deficiência em magnésio.

E ainda pode ser utilizado o Calcário filler, calcário que apresenta granulometria fina, indicado para o plantio direto.

Como fazer o cálculo de calagem

O cálculo de calagem representa excelente forma de corrigir os solos brasileiros, onde grande parte são solos intemperizados e apresentam Ph ácido, isto é, elevada concentração de alumínio trocável e fertilidade natural baixa. Em resumo, o cálculo de calagem é feito por meio de alguns métodos utilizados para identificar a necessidade da calagem. Contudo, são realizados cálculos de calagem com base em conceitos básicos como:

Método da elevação da porcentagem de saturação por bases

O método de recomendação mais utilizado no Estado de São Paulo está representado pela equação abaixo, onde o cálculo de calagem é baseado no método da elevação da porcentagem de saturação de bases consiste na seguinte fórmula:

NC = CTC (V2 - V1) x f / 10 PRNT

Onde:

NC: necessidade de calagem em toneladas por hectare;

CTC: capacidade de troca de cátions do solo, expressa em mmolc/dm3 (fornecido pela análise de solo);

V1: saturação de bases atual do solo em % (fornecida pela análise de solo);

V2: saturação de bases a ser atingida no solo em % (variável dependente da cultura);

PRNT: poder relativo de neutralização total (variável dependente do corretivo empregado);

f: fator de correção da profundidade de incorporação - para calagens sem incorporação ou com incorporação no solo até 20 cm de profundidade, considerar f=1. Para incorporações a 30 cm de profundidade considerar f=1,5 e para 40 cm de profundidade, utilizar f=2.

Pelo fato de todos os calcários serem produtos de baixa solubilidade, o recomendado é a aplicação do calcário com pelo menos 60 dias de antecedência ao plantio ou a adubação, mas mesmo não sendo possível esta antecedência, a aplicação é recomendada a qualquer tempo, pois seus efeitos positivos se farão sentir no decorrer do desenvolvimento da cultura.

- Método da neutralização do Al³+ e fornecimento de Ca²+ + Mg²+

Da mesma forma podemos realizar o cálculo de calagem baseado no método da neutralização do Al³+ e fornecimento de Ca²+ + Mg²+.

t. ha-¹ de calcário = Y.[Al³+ - (mt.t/100)] + [X-(Ca²+ + Mg²+)].100/PRNT

X= exigência em cálcio e magnésio pela cultura

mt = máxima saturação por alumínio admitida pela cultura

Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo. Pode ser determinado conforme a textura.

Para solos arenosos (0 a 15% de argila),textura média (16 a 35% de argila),argilosos (36 a 60% de argila),muito argilosos (61 a 100% de argila).

Nesse sentido, são utilizados os valores de Y (0 a 1,0; 1,0 a 2,0; 2,0 a 3,0 e de 3,0 a 4,0 respectivamente).

- Índice SMP para pH H2O

A solução tampão SMP consiste em agitar uma quantidade de solo com um volume da solução tampão.

O pH da suspensão (pH SMP) é consultado em uma tabela, e então consulta-se a quantidade de calcário a aplicar. Este índice não indica a necessidade (ou não) de calagem, mas sim a quantidade.

O pH de referência é o valor de pH do solo mais adequado para o desenvolvimento das

- Método baseado no teor de alumínio trocável

Se aplica ao teor de alumínio obtido no solo. Ao se fazer a correção, para eliminar o alumínio trocável, a medida que ele passa de Al para AlOH, depois para AlOH², e depois para AlOH³, estão sendo consumidos hidrogênios. Neste caso o corretivo não diferencia se o hidrogênio consumido é do alumínio ou do reequilíbrio do pH do solo. Consequentemente, a quantidade apontada por este método em função do teor de alumínio trocável pode não ser suficiente para atingir o pH desejado, pois parte será consumida para neutralizar o hidrogênio que provém do reequilíbrio em função do aumento de pH. Por isso, aplica-se um fator de correção que geralmente varia entre 1,5 e 2,4.

  • Para solos com mais de 15% de argila e teor de Ca + Mg > 2cmolc/L

calformula2.png

  • Para solos com menos de 15% de argila e teor de Ca + Mg < 2 cmolc/L

calforumla3.png

Podemos encontrar variações deste método em diversas regiões do Brasil, visando a elevação dos níveis de cálcio e magnésio trocáveis e/ou a neutralização do alumínio.

  • Espírito Santo: NC = 2 x Al (cmolc/L) + 2 - (Ca + Mg)

  • Goiás: NC = 2* x Al (cmolc/L) + 2 - (Ca + Mg)

    • Substituir o valor 2 por 1,2 em solos com teor de argila inferior a 20%
  • Minas Gerais: NC = Y x Al (cmolc/L) + X - (Ca+Mg) Sendo Y variável conforme a textura do solo: Y = 1 para solos arenosos (< 15% de argila) Y = 2 para solos com textura média (15 a 35% de argila) Y = 3 para solos argilosos (> 35% de argila) E X variável em função da exigência da cultura: X = 1 para eucalipto (por exemplo) X = 2 para a maioria das culturas X = 3 para cafeeiro (por exemplo)

  • Paraná: NC = Al x 2 (válido apenas para arroz de sequeiro e irrigado)

  • Rio grande do Sul usa-se o valor 2,4. Em solos com menor quantidade de MO e argila o valor é menor.

- Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis

Bastante utilizada no centro do Brasil, trata-se de um método utilizado em solos com CTC baixa, sendo menor do que 5 cmolc/dm³, e teores de Ca e Mg baixo (soma geralmente inferior a 1) através da seguinte fórmula:

calformula4.png

Sendo: NC = Necessidade de calcário em t/ha; Y = Valor tabelado conforme o poder tampão do solo, sendo 0 a 1 para solo arenoso, 1 a 2 para solo médio, 2 a 3 para solo argiloso e 3 a 4 para solo muito argiloso; mt = saturação por Al3+ (100 x Al / SB + Al) t = CTC efetiva (SB + Al) X = teor mínimo de Ca + Mg: tabelado Ca2+ + Mg2+ = teores trocáveis de Ca e Mg, em cmolc/dm3

Aplicação do calcário

No sistema de plantio convencional: o calcário deve ser distribuído em superfície e incorporado ao solo. A profundidade de incorporação, normalmente, é de 20 cm, mas pode ser maior, dependendo da acidez do subsolo. Por isso, as análises de rotina devem ser realizadas até a profundidade de 40 cm. O custo da operação obriga o calcário ser aplicado de uma só vez, embora seja desejável aplicar duas vezes, a primeira antes da aração e a segunda após a aração e antes da gradagem. No sistema convencional e antes da adoção do sistema plantio direto (SPD), já está bem definido que o calcário deve ser incorporado.

No SPD (Sistema de Plantio Direto): ao se perceber diminuição nos níveis de cálcio, magnésio, saturação de bases e pH, deverá ser realizada a calagem em superfície, sem incorporar o calcário, tomando os devidos cuidados para que a dose não ultrapasse 1,5 t/ha em cada ano agrícola. A distribuição do calcário pode ser realizada com diferentes máquinas, desde as mais simples às mais sofisticadas. Todas utilizam um ou dois discos com paletas que giram distribuindo o calcário. Na presença de vento forte, é comum molhar o calcário para evitar deriva, mas nesse caso é necessário que a máquina possua mecanismo de esteira para abastecer os discos distribuidores. No SPD, já consolidado, a reaplicação de calcário é feita a lanço, na superfície do solo, sem incorporação.

Recomenda-se realizar a análise química do solo, pelo menos, a cada 2 anos, com amostragens nas camadas 0 a 10 cm, 10 cm a 20 cm, 20 cm a 40 cm e 40 cm a 60 cm de profundidade. Com isso será possível decidir sobre a necessidade de reaplicação de calcário para correção da acidez nas camadas superficiais, bem como avaliar a necessidade de aplicação de gesso para a melhoria do ambiente radicular nas camadas abaixo de 20 cm de profundidade.

cal4.jpg

Calagem em regiões de seca

A calagem é grande aliada para na tolerância das plantas a períodos de estiagem, porque fornece cálcio, que estimula o crescimento das raízes e resulta numa maior exploração da água e dos nutrientes do solo em área e profundidade, auxiliando a planta na tolerância à seca.

Porém, para que a calagem forneça todos esses benefícios, o calcário precisa encontrar um mínimo de água no solo e assim ocorrer as reações.

Dicas importante a se lembrar

  • Após a colheita de uma safra já faça a análise de solo de sua propriedade;
  • Após a análise defina a dose a ser utilizada e compre o calcário indicado;
  • Deixe maquinário pronto: peças, combustível, tratorista.
  • Assim que houver chuva significativa aplique o calcário, mesmo que seja antes dos 2 meses para começar a lavoura, como indicado em situações normais.
  • A recomendação da calagem deve ser feita deve ser feita com base na análise de solo em profundidade de 0-20 cm e 20-40 cm;
  • A coleta das amostras de solo deve ser efetuada de maneira que haja tempo hábil para que as análises fiquem prontas e se possa iniciar as atividades (faça seu planejamento agrícola!).
  • Os arados resultam em incorporação mais profunda que as grades aradoras, porém, paraculturas perenes, a incorporação muito profunda é prejudicial, pois danifica o sistema radicular.
  • A incorporação rasa leva à superdosagemnas camadas superficiais, causando deficiências de micronutrientes e limitando o desenvolvimento radicular, fique atento!
  • O PRNT mostra a rapidez e a eficiência de reação do produto com o solo, por isso calcários com maiores PRNT são geralmente mais caros;

Gessagem

Ao contrário do que muitos imaginam, a gessagem não tem como função corrigir o pH do solo.

A gessagem é utilizada para insolubilizar formas fitotóxicas do alumínio disponíveis no solo e com isso “carregar” nutrientes em profundidade, impedindo-os de sofrer processos de lixiviação, por exemplo.

Já está bem estabelecido, que o uso do gesso, por ser mais solúvel e mais móvel no solo que o calcário, promove o aumento dos teores de Ca e S-SO42- e a diminuição da saturação por Al nas camadas subsuperficiais. Assim, criam-se condições químicas mais favoráveis para o aprofundamento do sistema radicular em subsolos ácidos, permitindo a exploração de maior volume de solo e maior absorção de água e nutrientes pelas plantas. Maior probabilidade de resposta das culturas a essa prática ocorre quando, nas camadas subsuperficiais (20 cm -40 cm e 40 cm -60 cm de profundidade), o teor de Ca for inferior a 0,5 cmolc/dm3 e a saturação de Al na CTC efetiva for superior a 20%.

Entretanto, considerando que a aplicação de gesso promove a movimentação de Mg para camadas mais profundas, o que seria benéfico em casos de disponibilidade adequada do nutriente na camada superficial, em solos com teores baixos de magnésio (inferiores a 0,5 cmolc/dm3) há potencial de deficiência induzida desse nutriente pela aplicação de gesso em doses mais elevadas.

Portanto, nessa condição, a gessagem deve ser realizada após a calagem com calcário dolomítico.

Caso ocorra deficiência de Mg e a acidez superficial do solo (pH e saturação por bases) já esteja corrigida, recomenda-se aplicar fertilizantes contendo Mg, visando fornecer esse nutriente para as plantas.

Referências

Fonte 1

Fonte 2

Fonte 3

Fonte 4

Author Photo

Henrique Servolo

Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia e Doutor em Engenharia florestal, todos pela Esalq/USP.

© 2024 Mercado Rural, Inc.

Artigos